Na última quinta-feira (12), nós conhecemos os indicados ao Emmy Awards 2018, a maior premiação da televisão americana, Samira Wiley de “The Handmaid’s Tale” e Ryan Eggold, de “The Blacklist” foram os apresentadores que divulgaram os indicados. Game Of Thrones recebeu o maior número de indicações, totalizando 22. E séries como “Saturday Night Live”, “Westworld”, “The Handmaid’s Tale” e “Atlanta” também receberam um número satisfatório de indicações. As séries vem dominando cada vez mais espaço e criando uma relação especial com quem está assistindo. Mas como um produto fictício pode preencher tanto a vida dos telespectadores?
É através das séries que nós podemos sentir mais proximidade da Rainha da Inglaterra, que nós sentimos os dramas e dificuldades de comandar uma das maiores democracias do mundo e também temos a oportunidade de conhecer um Velho Oeste completamente tecnológico. Essas séries acrescentam algo. Todas. É com elas que nasce a relação de amor e ódio, cada personagem ou episódio são capazes de proporcionar múltiplas emoções em uma pessoa. Vai muito além de simplesmente ligar a televisão. Existe um comprometimento nosso com aquele mundo e consequentemente, nós aprendemos muito com ele.
A identificação de cada telespectador se dá, normalmente, por uma construção com os personagens da narrativa que duram meses, até anos. Viramos amigos, inimigos, torcemos, sentimos amor, ódio, alegria e nos emocionamos. É uma forma do entretenimento quebrar diversas barreiras e tornar cada personagem mais humano, criando assim uma forte identificação com o seu público. E isso tudo se dá com a criação de um bom roteiro, boas produções e canais para a destruição desses produtos milionários. As plataformas de streaming, como a Netflix, apostam no lançamento de diversas produções, democratizando o acesso a excelentes produtos audiovisuais.
E são esses mesmos produtos que estão no mesmo patamar de obras do cinema, como os blockbusters. Durante muito tempo os filmes eram considerados o ápice da carreira de um artista, porém, isso foi mudando na medida em que as séries tomaram conta de uma mudança cultural que está presente na nossa sociedade. Por exemplo, o debate feminista que agitou e segue agitando os nossos dias. Esse é o momento em que séries como “Good Girls”, “The Handmaid’s Tale” e tantas outras devem abordar determinados temas e assim, elas podem criar uma discussão sobre. A capacidade de gerar constantemente um debate com temas atuais, diferencia do cinema, e torna a televisão um meio de comunicação cada vez mais importante nas nossas vidas.
Muito além do que simplesmente assistir, a responsabilidade social de criar uma série é enorme. Esse tipo de conteúdo audiovisual pode ser facilmente comparado com um conteúdo jornalístico. O foco em certas histórias e personagens tem como principal função a abordagem de temas que são importantes para a sociedade. Como a discussão que foi levantada em “Big Littles Lies”, por exemplo. Mulheres ao redor de todo o mundo perceberam o quão grave e inaceitável é a violência doméstica, a série fez com que elas tomassem coragem para denunciar os seus agressores e muito além disso, fez com que boa parte da sociedade saísse de um efeito narcotizante. Dando assim, mais voz e visibilidade para mais histórias serem contadas.
Muito mais que um formato para entreter, as séries trazem abordagens muito mais profundas e são capazes de mexer com o imaginário de milhares de telespectadores. A fórmula de contar uma história na TV tem a responsabilidade cultural pelo comportamento de milhares de pessoas, como elas estão agindo, como estão pensando… A contribuição social, educativa e informativa revolucionou esse formato que está tão presente na nossa vida.
“A atração da televisão é potente porque ela comunica com um público infinito com necessidades infinitas.” — Shelly Goldstein
Estudante de Jornalismo. Viciado em cinema e séries de TV.