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Crítica| ‘Anne With an E’ é um mix de fantasia, feminismo e reflexões

A segunda temporada lançada em julho de 2018 pela Netflix ,mostra como pessoas podem estar à frente do seu tempo
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Anne With an E é umas das novas séries produzidas pela Netflix, que se origina do famoso livro Anne de Green Gables  escrito por L. M. Montgomery em 1908. A série gira em torno da família Cuthbert em sua fazenda numa província chamada Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá.

Tudo começa quando os irmãos Cuthbert( Marílla e  Mathew) decidem adotar um menino órfão para ajudar nos afazeres da fazenda, porém, os irmãos são surpreendidos quando, ao invés de um garoto, uma garota  de cabelos vermelhos com uma mente brilhante bate em sua porta. Após ter passado por tantos lares adotivos, Anne está maravilhada por finalmente ter uma casa. A pequena garota e sua imaginação irão transformar a pacata vida dos Cuthbert e da pequena cidade de Avonlea.

A primeira temporada, com 7 episódios, gira em torno da Anne -intitulada pelos moradores como ‘a órfã’- se adaptando ao novo lar e como seu passado a transformou na pessoa que é. Anne também chega na pequena província canadense com o novos pensamentos que abalaram essa cidade, já que o visual encantado de contos de fadas contrasta com a sociedade que tenta cortar a criatividade de Anne e sua capacidade de enxergar a realidade de uma forma única, poética e dramática.

A segunda temporada apresenta novos cenários e personagens que contribuem para o crescimento da protagonista com a criação de novas respostas e dúvidas. Pessoas novas começam a morar em Green Gables, já que os irmãos Cuthbert abrem suas portas para ganhar um dinheiro a mais, em virtudes dessas duas pessoas que chegam na morada de Anne, percebemos que nem todo mundo diz quem realmente é.

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A série é esperançosa. Nesta nova temporada,com o adicional de mais 3 episódios, Anne mostra que não está sozinha em seus pensamentos que vão além do seu tempo. Com sua influência  no livro Jane Eyre, ela monta um clube do livro com suas amigas, romantiza a vida e questiona o amor. Com isso, se marca um entusiasmo em que as mulheres começam a questionar seu papel como esposas e donas de casa, mas que ainda são repreendidas. Mas não a impedem de continuar. O exemplo disso é a chegada da nova professora em Avonlea que logo de cara enfrenta o preconceito por ser uma mulher ‘solterona em idade fértil’, usar calças e utilizar métodos incomuns em suas aulas. Stacy consegue se destacar com a sua criatividade e forma de pensar.

Vemos uma evolução entre Marílla, Mathew e a Anne. Como os pensamentos da pequena influenciaram os irmãos a se questionar e a evoluir como pessoas. Sem dúvidas os irmãos solterões de Green Gables mexem com nossos corações.

Não posso esquecer das amizades. Anne e Diana que continuam apoiando uma a outra e vivendo grandes aventuras. Conhecemos mais a história do desenhador da turma: Cole, e entendemos com ele que precisamos de gente como a gente para nos entendermos como pessoas. E o possível crush de Anne, o aventureiro Gilbert.

Com uma ótima fotografia e direção de arte, a sensação é de que sem muita exigência de se tornar uma grande história. “A personalidade marcante de Anne a indicou por um caminho de pensamentos à frente de seu tempo, criando um incentivo à libertação de costumes que eram impostos. Anne pode ser considerada um retrato genuíno do feminismo, sem estereótipos e obrigações cercando o termo de igualdade, mas apenas a vontade de seguir seus sonhos e conquistar seus objetivos sem precisar escolher um único rótulo que a defina” e com isso, Anne oferece um romance de época leve, simples, mas com uma beleza  muito marcante.

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Não posso deixar de falar da abertura da série. Uma das mais belas que já vi, a música tema cantada pela banda canadense The Tragically Hip –‘Ahead By a Century‘ extrai tudo que a série mostra. Vale a pena dá uma olhada.

A série conta com um elenco forte, com Amybeth McNulty como Anne, Geraldine James como Marilla Cuthbert, R. H. Thomson como Matthew Cuthbert, Lucas Jade Zumann como Gilbert Blythe.

A  primeira e segunda temporada já estão disponíveis na Netflix. Ainda não foi confirmada uma terceira temporada. Montgomery escreveu nove romances sobre Anne Shirley-Cuthbert. A história seguem a ruivinha para a faculdade e além dela.