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CRÍTICA | ‘Próxima Parada: Apocalipse’ é um filme onde a maior tragédia é o seu próprio roteiro

Muita gente fala que a Netflix ainda não acertou a mão em seus filmes, e de fato são pouquíssimos as suas produções originais que realmente são boas. Aqui em "Próxima Parada: Apocalipse", temos até boas ideias, mas fica claro que algo deu muito errado no decorrer da produção.
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Muita gente fala que a Netflix ainda não acertou a mão em seus filmes, e de fato são pouquíssimos as suas produções originais que realmente são boas. Aqui em “Próxima Parada: Apocalipse“, temos até boas ideias, mas fica claro que algo deu muito errado no decorrer da produção.

Will (Theo James) mora em Seattle com a esposa que está prestes a ter um bebê, mas está em Chicago a negócios. Até que acontece um misterioso evento apocalíptico que assola todo os Estados Unidos e inclusive bloqueia os aeroportos, e Will se junta ao pai de sua esposa, que é de Chicago, para cruzarem o país de carro e irem em busca dela na costa oeste.

Não é um roteiro nada original, já temos diversos filmes sobre apocalipse, mas aqui foram inseridos aspectos para transformar em um road trip para diferenciá-lo dos demais, e dentro do que se propõe, ele até que começa bem, com tudo sendo trabalhado misteriosamente e deixando o espectador envolvido com o que está acontecendo. Mas no segundo ato as coisas começam a sair do lugar. Decisões sem lógica nenhuma, repetições exaustivas do mesmo elemento, e furos ridículos com personagens se contradizendo de uma coisa que tinha sido deixado clara na cena anterior. Eu não quero dar spoilers no texto, mas vou utilizar uma cena básica para contextualizar, que não vai interferir na sua experiência caso não tenha visto. Vemos em uma cena que acabou a gasolina, e o protagonista na cena seguinte usa GASOLINA para queimar o carro e seguir. E este é apenas um dos graves erros aqui. Mas se o segundo ato foi problemático, o terceiro consegue superar e ser ainda pior, com um dos plot twists mais sem noção que eu já vi e um final que não finaliza absolutamente nada, não que seja um problema deixar finais em aberto, mas aqui especificamente é como se o roteirista tivesse sem nenhuma ideia e simplesmente resolveu encerrar sem mais e nem menos.

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Mas se por um lado o roteiro tem tantos problemas, pelo menos tecnicamente ele compensa de alguma forma. A fotografia é bonita, traz um tom amarelado que transmite bem a sensação de algo errado. Muitos planos abertos para ressaltar a ambientação que é ótima também, a sensação de solidão e os deslocamentos geográficos nos mantém conectados diretamente com o enredo. A montagem traça dois extremos, ela funciona bem para nos dar uma boa noção de tempo, mas é completamente bagunçada nas cenas de ação e com alguns deslizes de ligação entre as tomadas. Já a trilha sonora é bem genérica, nem soma e nem atrapalha.

Em questão de atuações, Forest Whitaker é quem consegue dar uma elevada na obra. É o único que ainda consegue se sobressair diante de um roteiro tão limitado, ele traz o personagem mais humano aqui, nós conseguimos sentir o seu desejo de reencontrar a filha e poder ver o nascimento de seu neto. Theo James é um robozão que passa o filme inteiro com a mesma expressão e a Grace Dove traz uma personagem que não acrescenta em nada no filme e só está lá para poder discordar de tudo o que for dito. Kat Graham também está no elenco mas a sua participação é muito curta para poder dizer algo.

“Próxima Parada: Apocalipse” é um filme que tenta reinventar um gênero saturado, mas tem um roteiro tão mal escrito que é impossível levá-lo a sério. Tecnicamente até cumpre o seu papel apostando no básico, mas ainda é muito pouco para salvar o filme de ser uma tragédia.

NOTA: 4.7