Épico. Ainda sim, supervalorizado
De forma inegável, o MCU (Marvel Cinematic Universe) detém um feito inédito no cinema. Uma franquia de década, um universo esclarecidamente expandido e interligado. Para um fã de HQ, momento e projeto incrível de se apreciar e consumir. Este feito, por si só, já é o suficiente para ovacionar a conclusão inevitável: Vingadores – Ultimato. Esmero louvável por parte deste “convênio” de histórias entre uma editora e uma produtora.
Sem medo, sem restrições para contar sua história que ultrapassa em poucos minutos as 3h de duração. Horas que nos são indolores e apreciáveis a cada instante. O longa começa denso, pós apocalíptico, devidamente, diga-se de passagem. Sua história se desenrola com pesar e nos deparamos com os heróis não mortos no estalar de dedos vivendo, lidando com a perda, com a falha. Humanizados. Isso é muito bom de se ver. Com exceção de dois personagens: Hulk e Thor. Porquê?
Hulk vem sendo trabalhado em filmes alheios ou de equipe desde O Incrível Hulk (2008), em Ultimato ele sofre uma impactante mudança, tanto no que diz respeito ao Banner, quanto ao Hulk propriamente dito. Esse fenômeno, fato, superação tremenda, é apenas contado em uma conversa como algo simplório. Acredite, a mudança na persona do Banner/Hulk é tão importante e nova que merecia por si só um filme para que tal resultado fosse heroicamente alcançado. Infelizmente, o filme opta pela estrada para a conclusão épica, mesmo que isso signifique pisar na essência de Vingadores titulares da franquia.
Falando em pisar em essência… Temos desde o começo, o mais descaracterizado dos personagens adaptados das HQs no MCU, Thor. Em Vingadores Ultimato ele é novamente desconfigurado – e olha que Thor:Ragnarok (2017) fez isso bruscamente – porém, agora é “batido o martelo” para que o personagem seja nada mais do que uma vergonha alheia com grandes poderes asgardianos e mais “densidade”. Mantendo a ponte conveniente para com os Guardiões da Galáxia. E que assim como Capitã Marvel, embora mais afetado, teve seu nível de poder minimizado na base do “porque sim” para que Thanos pudesse dar mais trabalho. Algo que poderia ser resolvido com criatividade ao invés de subestimar a inteligência do fã.
Além de forçadas aqui e ali no roteiro, besteirinhas sobre viagem no tempo e teorias não tão bem explicadas na prática ao espectador, temos a inacreditável razão de como um Vingador retorna, com isso dando prosseguimento a esperança de todo o filme. Não é spoiler que o Homem Formiga sai do Reino Quântico, o problema foi como ele saiu. Um momento que pode ser capaz de emergir você do filme que corria de forma tão boa e natural. Em um projeto tão grandioso e que se leva cabivelmente à sério, fica a incredulidade nossa ao assistirmos esse momento. Sério que não se importaram, ou não conseguiram pensar em nada melhor? Creio que tenham chegado a conclusão de que o público, que sim, supervaloriza a Marvel nos cinemas, iria engolir, quem sabe até elogiar. Pelo que se vê, parece que é isso mesmo.
Eu disse no subtítulo “Épico”, certo? Pois é. Graças a De… Odin! O filme é competente assim como o primeiro Os Vingadores (2012) em conceder espaço e peso para cada personagem, todos tem a devida visibilidade na trama quanto aos eventos centrais deste filme. Obviamente, Stark (Downey Jr.) e Rogers (Evans) têm mais presença, urgência e heroísmo nos acontecimentos finais. São os dois grandes pilares, tanto ideológicos quanto em atributos para pôr a mão na massa ao final.
Momentos inesquecíveis serão mostrados diante dos olhos do espectador, diversas referências dos quadrinhos são encaixadas, um multiverso de probabilidades se abrirá. Com todos os erros, compensados pelos acertos muito mais numerosos, é verdade, Ultimato se consagra como digno de todo material predecessor. Emocionante, zeloso na totalidade, épico por fim. Ressaltando que grandes heróis não costumam existir sem grandes vilões. Thanos, com seus planos sendo remodelados atingindo ambições apoteóticas, melhor do que nunca.
Pode ser considerado no quesito conclusão, o maior filme do subgênero de super-heróis já feito. Mas, como filme individual, presunção dizer que se fez o maior de todos. Isso de forma nenhuma retira o mérito e o brilhantismo da obra. Essa perspectiva apenas equilibra expectativas, não com a euforia presente, mas com a realidade latente.
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