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CRÍTICA | Segundo ano de ‘The Handmaid’s Tale’ é ainda mais denso e nos lembra que a série é muito mais do que só sobre a June

Chega ao fim a segunda temporada da melhor série da atualidade. E a atual vencedora do Emmy e do Globo de Ouro nos trouxe uma segunda temporada ainda mais densa e difícil de assistir, deixando ainda mais claro que todo o seu enredo não gira apenas em torno da June, mas do regime totalitário de Gilead como um todo.
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Chega ao fim a segunda temporada da melhor série da atualidade. E a atual vencedora do Emmy e do Globo de Ouro nos trouxe uma segunda temporada ainda mais densa e difícil de assistir, deixando ainda mais claro que todo o seu enredo não gira apenas em torno da June, mas do regime totalitário de Gilead como um todo.

A temporada já começa exatamente onde acabou a primeira, com a punição das aias por terem se recusado a apedrejar a aia traidora. Nesta temporada também, somos aprofundados um pouco mais sobre Gilead, vemos um pouco da visão internacional sobre o regime, a exploração da gravidez da June e contrastes com o seu passado, e somos apresentados a mais decisões punitivas de Gilead para o que é considerado crime por eles, que não vou aprofundar para não dar spoilers.

Tecnicamente a série continua espetacular, a fotografia nos traz elementos novos como as colônias, com um visual tom de sépia, bastante empoeirado, mas ainda belo cinematograficamente. A trilha sonora é um pouco mais densa e sempre pontual, o clima de melancolia da primeira temporada deu lugar a uma raiva exacerbada, mas ainda contida.

E isso se remete também a personagem da June, que apesar de todas as frustrações e tapas na cara que recebe, nunca desiste de tentar não só o melhor para ela, mas o melhor para conseguir ir destruindo Gilead aos poucos e libertar a todos que viraram reféns desse sistema totalitário.

A atuação da Elisabeth Moss é tão absurda que dá dó de suas concorrentes nas premiações. Sim, ela conseguiu superar tudo que já havia feito na primeira temporada. A June é uma personagem com um misto de emoções gigantescos, e isso é tão bem transmitido, que nos identificamos com o que ela sente apenas com um simples olhar. Quem evoluiu demais aqui também foi a Yvonne Strahovski, que faz a Serena. A personagem teve muito mais tempo em tela e o que mais me chamou a atenção aqui foi o quanto ela dividiu opiniões, apesar de suas decisões contestáveis, dá para observar o desconforto ideológico que ela sente, podemos esperar uma outra Serena na próxima temporada. Mas todo o restante do elenco está excelente, não temos uma atuação ruim.

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Não há felicidade em “The Handmaid’s Tale”, até mesmo nos episódios mais “felizes”, sempre tem um “porém”. Mas podemos dizer que nesta temporada, mesmo apesar de tudo o que foi apresentado e dos momentos de dificuldade que as aias passaram (que não foi pouca coisa), pelo menos ainda conseguimos enxergar algum sinal de esperança de que tudo mude. Começamos a ver a união das mulheres, e não só as aias, mas também as marthas e as mulheres dos comandantes por um futuro melhor, seja ele transformando Gilead ou destruindo-a completamente. O que nos deixa ansiosíssimos para uma terceira temporada com grandes avanços de uma revolução.

A segunda temporada de “The Handmaid’s Tale” é mais violenta, densa e esperançosa. Consegue fazer jus a tudo que foi brilhantemente apresentado no primeiro ano, e nos dá esperança de uma completa revolução com a união das mulheres futuramente. É disparadíssima a melhor série da atualidade e já é uma das melhores de todos os tempos. Que bom que estamos vivos para apreciar esta obra de arte.

https://www.youtube.com/watch?v=HjLcTbNeYsU

Atenção! Daqui para a frente terão spoilers do último episódio da segunda temporada, siga por sua conta e risco!

Eu não ia dar spoilers neste texto, mas com aquele final de temporada me senti obrigado. Na última cena, vimos a June tomar a decisão de ficar em Gilead e salvar apenas sua bebê, o que para muitos foi sem sentido, e para outros se justificou pelo fato de ela tentar salvar a Hannah, o que também é um motivo. Mas também tem outro ponto que poucas pessoas entenderam, que é justamente o fato de que ela quer fazer parte da revolução que vai destruir o regime internamente. June estava completamente decidida a fugir, no entanto, no último episódio viu Serena tomar uma atitude contra o sistema que lhe custou um dedo e viu as marthas se unindo para poder salvar ela. June entendeu, a partir daí, que a união das mulheres pode ser o caminho para acabar com Gilead, e como eu falei no início do texto, “The Handmaid’s Tale” não é só sobre a June, ela é apenas um pilar para justificar todo o caos instaurado na horrível República de Gilead, e é isso que faz a série ser tão grandiosa. Podemos esperar um terceiro ano de ainda mais sofrimento, mas estes em prol de um objetivo maior.