Tristeza e muito terror. Considero um dos livros mais assustadores de Stephen King, o Cemitério de 1983 teve sua primeira adaptação em 1989, sendo muito criticada na época por conta da produção estilo trash. Hoje virou um filme cult.
Na história uma família se muda para o Maine buscando uma vida tranquila para os filhos. Louis Creed é médico e tem dois filhos. Tudo começa a ficar estranho, quando descobrem um cemitério de animais perto da nova casa. Rapidamente fazem amizade com Jud Crandall, vizinho e que conhece todos os segredos daquele lugar. Crandall será interpretado por John Lithgow, que viveu Winston Churchill na série The Crown.
O longa será dirigido por Dennis Widmeyer e Kevin Kölsch. A dupla embarcou no estrondoso sucesso que It causou em 2017, apresentado um filme baseado no livro, e não uma sequência do primeiro trabalho.
“Uma das coisas sobre fazer uma nova versão agora é que a nossa compreensão da vida e da morte progrediu”, diz o produtor Lorenzo di Bonaventura em entrevista ao site EW. “Mas nós somos mais sofisticados sobre isso ou menos?”
Para o produtor, os pais de hoje são mais medrosos e mais zelosos com os filhos do que nos anos 80. “Um dos temas mais interessantes do livro, e do primeiro filme é: ‘Até onde você iria para ver alguém de novo?’“, diz ele. “Mas outra coisa que estamos explorando é que você não pode fugir” das coisas que assustam você.”
As cenas foram filmadas nos bosques de Ontário no Canadá. Ellie Creed será interpretada por Jeté Laurence, que acaba descobrindo o cemitério abandonado. O que chama atenção de Ellie e dos demais é o “muro” de árvores caídas, que leva a um outro local, um local temido.
Confira a resenha do livro O Cemitério
A pequena é acudida por Jud, que conhece os meandros daquele lugar. “Ele é um homem bom, mas é um homem bom com problemas em sua vida”, disse Lithgow ao EW. “E ele cresceu com alguns demônios reais.”
O livro que não deveria ser escrito
Muitas lendas se formaram por conta desta obra que foi lançada em 1983. O livro que segundo o autor, “não deveria ser lançado”, pois considerava o assustador demais, ganhou as livrarias mais por imposição da editora Doubleday, que na época tinha os direitos de publicação do que por sua própria vontade.
O manuscrito tinha ficado muitos anos guardado nas profundezas do seu escritório, e mesmo sendo vetado pela esposa Thabitha por considerar ruim, King acabou autorizando sua publicação. Como represália nunca promoveu o livro em seminários, muito menos na época do lançamento.
“Achei o resultado tão surpreendente e horrível que coloquei o livro em uma gaveta, pensando que nunca seria publicado”, disse King na introdução de um dos seus livros em 2000. “Estou particularmente desconfortável com a linha mais ressonante do livro… ‘Às vezes, o morto é melhor’”, escreveu King. “Espero de todo coração que isso não seja verdade, mas no contexto de pesadelo de Pet Sematary, parece ser, e pode estar tudo bem. Talvez “às vezes o morto seja melhor” é a última lição da dor.”
É esta dor que Louis (interpretado por Jason Clarke) irá enfrentar, o dilema de não aceitar o destino imposto pela vida. “Isso é o que faz mais do que um filme de terror”, diz Clarke. “Eu estava tipo: ‘Onde está o horror? Há grande intelecto e grande subconsciente e subtexto e pensamentos e razão por trás disso,” analisa.
Widmyer descreve Louis como um “um cara que pensa ter a morte sob controle”. Na história Louis é um médico de sucesso que acaba sendo traído pelo seu ego. “Ele fará tudo o que puder para desfazer a tragédia que assolou sua família. É como se o mundo da ciência conhecesse o mundo sobrenatural,” disse.
O que faz o Cemitério um livro de terror e por vezes triste, são os conflitos familiares, o passado e as rusgas entre Louis e a família da sua mulher. O terror nem sempre está ligado a sangue e pessoas mortas.
“Este livro é sobre a morte e falar sobre morte e triste, e o cemitério de animais é a primeira etapa disso“, diz Widmyer. “É quase como se não se falasse sobre a morte, a reação em cadeia de todo o filme acontece.”
“Ter um animal morto, é uma maneira que muitas crianças aprendem sobre a morte e como lidar com a morte pela primeira vez”, acrescenta Kölsch. “Isso meio que ajuda você a aceitar a morte como uma parte natural da vida.”
Sendo o ser humano avesso às mudanças, não aceitar o destino natural da vida, acaba se tornando uma dor extra e desnecessária. Kölsch e Widmyer comparam o cemitério que guarda a vida e não a morte, a um vício em jogo. “Sempre que você está para baixo, é mais ou menos como ‘se eu for mais uma vez, eu posso me equilibrar!”, Diz Kölsch. “Isso acontece muito em O Cemitério. Em vez de apenas e aceitar a perda, eles estão sempre tentando ganhando, e isso continua custando mais vidas.”
Rachel será interpretada por Amy Seimetz, enquanto Gage terá os gêmeos Hugo e Lucas Lavoine no seu papel. Quando se fala de Rachel, a imagem que assombra a cabeça dos leitores é a da irmã Zelda, trancada em um quarto, longe dos olhos dos pais.
“Rachel quer que seu filho tenha uma infância e não precise pensar sobre a morte como ela pensou”, acrescenta Seimetz. “É um tema difícil para ela discutir. Não só porque ela quer proteger seu filho, mas também porque ela está protegendo alguma parte de si mesma também.”
A irmã de Rachel tinha meningite espinhal, que causa atrofia nos músculos. A narrativa sobre Zelda foi um dos pontos altos da história. Com dor, esquecida, acabou morrendo nos braços da irmã. Os cineastas não adiantam como Zelda será representada no filme. “É mais preciso para o livro, vou apenas dizer isso”, revela Widmyer. “No filme original, é um cara de 21 anos que brinca com ela e no livro, como você lembra, é uma menina de 10 anos de idade.”
No primeiro filme Zelda foi interpretada por Andrew Hubatsek. “Você diz: ‘Como você encabeça Zelda?’”, Diz Widmyer. “Era grande e assustador e impressionante, mas se você pensar sobre a realidade da situação de Zelda, o que isso faria com uma família, com ela morrendo neste quarto, e a irmã mais nova tem medo da doença debilitante de sua irmã mais velha, isso por si só é bastante assustador,” finaliza.
O filme estreia em 2019.
Jornalista fã de corridas, Stephen King e Arquivo X, e tudo que envolva terror e escuridão…