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CRÍTICA | ‘Pose’ abraça a diversidade e emociona com personagens cheios de sonhos e uma temática super necessária

Chega ao fim depois de oito episódios a primeira temporada de "Pose", a mais nova série de Ryan Murphy para o canal FX que aborda sexualidade e gênero nos anos 80 com toda a delicadeza que o tema exige. Então, é hora de falarmos um pouco do que funciona na série e o que faz dela tão única. Vale ressaltar que a segunda temporada já está confirmada pelo canal.
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Chega ao fim depois de oito episódios a primeira temporada de “Pose“, a mais nova série de Ryan Murphy para o canal FX que aborda sexualidade e gênero nos anos 80 com toda a delicadeza que o tema exige. Então, é hora de falarmos um pouco do que funciona na série e o que faz dela tão única. Vale ressaltar que a segunda temporada já está confirmada pelo canal.

Em 1986, as pessoas em Nova York começam a vivenciar um novo estilo de vida, com bailes, vidas de luxo e a liberdade de poderem ser quem querem ser. No entanto, diante de toda a riqueza e luxo visto nos bailes, somos apresentados as difíceis rotinas neste universo, convivendo com o preconceito de diversas formas e quebrando diversos paradigmas.

O grande acerto da série é não focar em um só protagonista. Vamos circulando por vários arcos de diferentes pessoas e todas essas histórias se complementam de uma forma tão harmônica que os episódios com mais de uma hora acabam passando voando. Com 20 minutos de série já nos vemos completamente imersos naquele universo e se importando com cada personagem.

A direção é muito boa, bem ao estilo do Ryan Murphy mesmo. Com câmeras estáticas mostrando os personagens de baixo para cima, e uma movimentação lenta e vertical nos planos mais abertos. As cores são um show a parte, tudo é muito colorido para enaltecer não só a diversidade, mas também os anos 80, com muito azul, vermelho e verde, mas entre eles o amarelado sempre se faz presente para dar o tom antigo. A trilha sonora nesse tipo de série precisava ser ótima, e conseguiu. Todo o trabalho foi minucioso, mesmo sem utilizar o clichê das músicas clássicas relacionadas ao universo LGBT. Mas uma coisa que me incomoda aqui é a edição de som, onde as músicas ficam com um volume muito mais alto do que os diálogos, e fica difícil controlar o áudio sem ficar alternando o volume, é um pouco chato.

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Os personagens são excelentes e cada um traz um novo aspecto e uma nova discussão. Temos o jovem gay e dançarino que foi colocado para fora de casa por não conseguir a aceitação dos pais, a mulher trans que constrói uma família de renegados enquanto sofre o diagnóstico de HIV, outra que a partir do momento que consegue fazer a cirurgia de mudança de sexo para se realizar pessoalmente passa a ser rejeitada pelos homens que buscavam algo de diferente, vemos também a visão do homem casado e com filhos que começa a se relacionar com uma mulher trans e questionar sua sexualidade. Tudo isso e muito mais, com bastante desenvolvimento.

As atuações não são espetaculares, são muitos atores estreantes, mas a alguns funciona bem, por estarem inseridos no universo LGBT já na vida real, mas tem outros bem ruins que fica difícil ignorar. Entre os destaques estão Evan Peters, Billy Porter, Indya Moore e MJ Rodriguez.

Cada episódio traz uma temática diferente, e é muito bonito ver os valores que a série nos traz, como aceitação, família e relacionamentos. Como vemos o preconceito perpetuando dentro dos próprios meios LGBT, como a AIDS nos anos 80 era quase um atestado de morte, e como as pessoas acreditavam que só quem adquiria a doença era quem se relacionava com o mesmo sexo. Mas o mais importante é que vemos personagens com sonhos e ambições, e de alguma forma a série nos deixa esperançosos por um mundo mais colorido, onde possamos ser quem quisermos e aceitar cada um como é. “Pose” passeia por vários arcos pra nos dizer que todos podemos ser felizes, apesar das dificuldades de cada situação, somos apenas seres humanos cheios de sonhos e de amor para dar e receber. Viva a diversidade!

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https://www.youtube.com/watch?v=rfOV4IMC2Xw