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CRÍTICA | Olhos que Condenam (When They See Us, 2019)

Baseado em uma história real, a minissérie da Netflix é um soco no estômago de qualquer espectador
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Baseado em uma história real, a minissérie da Netflix é um soco no estômago de qualquer espectador

Chegou à Netflix no dia 31 de Maio, uma das minisséries mais revoltantes que você vai ver em 2019. Se trata de “Olhos que Condenam” (no original “When They See Us”), que nos conta a história real de cinco jovens negros do Harlem que foram injustamente acusados de estuprarem uma mulher no Central Park.

A série é dirigida, produzida e roteirizada por Ava DuVernay, que ficou conhecida mundialmente por ser a primeira mulher negra a ser indicada na categoria de direção do Oscar, pelo filme Selma. Aqui, mais uma vez, ela demonstra total controle do material que tem em mãos e das sensações que ela quer causar no público. É impossível não se comover com a história desses garotos, mas mais do que isso, não há como não se revoltar contra todo um sistema corrupto que os fez escravos da justiça, os manipulando desde o início das investigações a fim de montar a história que agradasse a eles.

A minissérie é dividida em quatro episódios de mais de uma hora, e cada um deles aborda um ponto diferente. O primeiro episódio nos mostra a polícia lidando com a acusação, capturando os jovens, interrogando-os e manipulando os seus discursos para incriminá-los. O segundo traz o julgamento, que mesmo com a ausência de provas concretas, ganhou força devido aos depoimentos coagidos dos meninos. O terceiro nos mostra a saída da prisão de Antron, Kevin, Yusef e Raymond e como a sociedade os aceita de volta depois de tanto tempo encarcerados. E por fim, vemos tudo que Kevin passou em seus tempos na prisão, até a absolvição depois de 12 anos.

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A trilha sonora faz um belíssimo trabalho de imersão, não apenas trazendo temas melancólicos para provocar o espectador à emoção, mas também se utilizando de batidas minimalistas e desconfortáveis justamente para nos dar a sensação de que tem algo muito errado ali. A fotografia traz sempre cores frias, com planos bem longos e muito close nos rostos para exemplificar bem as reações a qual estamos sendo expostos.

E por sinal, as atuações em sua maior parte são excelentes. Três deles acabam se destacando mais que outras: Jharrel Jerome, Justin Cunningham e Vera Farmiga. Mas também não dá pra dizer que eles carregam a série nas costas, pois o elenco de apoio também não faz feio, com excelentes nomes como Michael K. Williams, Felicity Huffman, John Leguizamo, Joshua Jackson, entre outros.

“When They See Us” é uma das melhores produções do ano, mas não é uma série fácil de ser assistida. Além de tudo, é uma excelente oportunidade de reflexão sobre racismo, justiça, sistema carcerário e reinclusão de ex-presos na sociedade.