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CRÍTICA: Com Tom Hardy irreconhecível, ‘Venom’ é um erro do início ao fim

Filme estreia nesta quinta, 4 de Outubro
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Venom é um dos vilões mais icônicos das histórias do Homem-Aranha, no entanto, quando foi adaptado para o cinema pela primeira vez em Homem-Aranha 3, muitas críticas surgiram, não só a como o personagem foi apresentado, mas ao filme como um todo. E chega aos cinemas neste dia 4, dessa vez como protagonista de seu filme solo, “Venom”, uma das produções mais contestadas do ano pelos fãs. Desenvolvido pela Sony Pictures em parceria com a Marvel, mas sem ligação com o MCU e com o Homem-Aranha, a missão seria desenvolver um bom enredo para o personagem mesmo com esse distanciamento do seu material base.

Indo direto ao ponto, o filme fracassa em todos os sentidos. Seu roteiro é uma reciclagem de diversas outras histórias, e ainda assim, não consegue desenvolver bem os personagens para que entendamos as suas reais motivações. Somos apresentados a Eddie Brock (Tom Hardy), um jornalista que ao tentar investigar desaparecimentos dentro da Fundação Life, é detido e demitido da redação por falta de fontes, que também desencadeiam no término de seu noivado com Anne (Michelle Williams). Até que uma cientista de dentro da Life procura Eddie para falar a verdade sobre o que acontece lá dentro, e facilita a entrada dele para que ele pudesse conseguir as provas, só que Eddie, ao tentar ajudar uma cobaia a se livrar do experimento, acaba tendo seu corpo invadido por um simbionte alienígena chamado de Venom.

Sim, isso mesmo. O nosso vilão é um cientista maluco de uma grande corporação que não tem humanidade nenhuma e está utilizando cobaias humanas em um experimento mortal, bem original, não é?! Mas você aí deve estar pensando que quando o Venom entrou dentro do corpo do Eddie começou um grande embate mental entre ele e o simbionte, certo?! E de fato, o nosso diretor Ruben Fleischer até tenta fazer isso, mas no lugar desse embate, ele resolve demonstrar uma loucura exacerbada em Eddie Brock digna de uma comédia pastelão, o colocando em situações desconfortáveis em público, como entrar em um restaurante e comer compulsivamente a comida das mesas e até entrar dentro de um aquário para se refrescar.

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O roteiro ainda nos “presenteia” com inúmeros diálogos expositivos, contradições de falas que haviam sido ditas minutos atrás, um relacionamento de Eddie e Anne onde 90% de seus diálogos não faz sentido algum, e um estranho aproximamento de Eddie e Venom, que passam a se gostar e se importarem um com o outro sem terem uma construção convincente. Temos ainda muitas, mas muitas piadinhas, onde grande parte delas é fora de contexto ou sem graça. Mas temos bons momentos cômicos aqui também, apesar de com pouquíssima frequência.

As atuações aqui são vergonhosas, essa é a palavra. Eu sou muito fã do Tom Hardy, inclusive ele já teve até indicação ao Oscar, mas aqui ele simplesmente passou o filme inteiro fazendo careta, e ele foi um dos fatores para o humor do filme não funcionar. Claro que ele também foi muito prejudicado pelo péssimo roteiro, mas ele não pareceu se esforçar pra entregar um personagem melhor. Digo com tranquilidade que foi a pior atuação de sua carreira. Michelle Williams ainda tenta se esforçar um pouco mais, mas não consegue entregar nada mais do que uma personagem que só está ali em função do protagonista e Riz Ahmed está completamente caricato aqui e não tem nada a acrescentar.

Tecnicamente o filme tem até alguns acertos, mas os erros novamente prevalecem bem mais. A trilha sonora é esquecível e a cinematografia com uma paleta mais escura enaltece bem o tom sombrio trazido pelo personagem. Temos sequências de ação razoáveis, que se tivessem menos câmera tremida e planos mais abertos teriam ficado ótimas. Eu gosto da forma que o filme usa a câmera lenta para detalhar os movimentos do simbionte, apesar de ser um recurso pobre, ficou bem aplicado aqui. Os efeitos visuais são bem limitados e isso fica bastante visível, mas como a maior parte do filme é rodado em ambientes escuros, dá pra dar uma enganada.

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“Venom” é um filme que já estava fadado a dar errado desde o início por querer dar protagonismo ao personagem sem se utilizar das suas maiores referências como base. Só que quando olhamos como um todo, notamos que o problema dele é bem maior do que só isso. Infelizmente, é um dos piores filmes do ano e deve entrar para aquela lista de exemplo de como não se fazer um filme de herói.

NOTA: 2.8