O documentário “Russians at War” foi exibido recentemente no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), após uma pausa nas exibições por conta de “ameaças significativas” relacionadas ao filme dirigido pela cineasta canadense de origem russa Anastasia Trofimova. A obra oferece uma visão direta do conflito atual na Ucrânia, com Trofimova se inserindo entre os soldados russos na linha de frente.
Antes da exibição no TIFF, houve pressão de diplomatas ucranianos e ativistas, que pediram o cancelamento das exibições do filme, acusando-o de ser propaganda russa. O festival, que ocorreu de 5 a 15 de setembro, finalmente permitiu a projeção do filme em um ambiente considerado mais seguro.
Durante a introdução da sessão, o CEO do TIFF, Cameron Bailey, explicou que decidiram não prosseguir com as exibições anteriores por razões de segurança, e reiterou a rigorosa seleção de filmes promovida pelo festival, enfatizando que a obra foi escolhida por seu mérito artístico e pela relevância em relação à guerra desencadeada pela invasão russa na Ucrânia.
A segurança durante a exibição foi intensificada, com verificações rigorosas, incluindo a presença de um cão farejador. Após a sessão, membros da plateia elogiaram tanto o festival quanto a diretora por manter a exibição, apesar das ameaças e protestos.
O documentário já havia sido exibido fora de competição no Festival de Cinema de Veneza, onde recebeu uma aclamada ovação de cinco minutos. No entanto, a presença do filme no TIFF gerou revolta, incluindo declarações da vice-primeira-ministra do Canadá, Chrystia Freeland, que criticou o apoio público ao filme. Em resposta, Bailey reafirmou que ceder à pressão de alguns membros do público ou do governo em relação a um produto cultural pode ser prejudicial à sociedade.
A decisão da distribuidora TVO de se afastar do filme um dia antes da exibição original foi justificada pelo desejo de respeitar as preocupações da comunidade ucraniana canadense. Os produtores do filme, Raja Pictures e Capa Presse, confirmaram que “Russians at War” foi realizado com o apoio de agências culturais na França e no Canadá.
Bailey expressou solidariedade à dor sentida pela comunidade ucraniana, mas ressaltou que “abusos verbais e ameaças de violência em resposta à exibição de um filme cruzam uma linha perigosa”. Ele defendeu a apresentação do documentário como uma forma de resistência contra essa violência e em prol da importância da independência dos meios de comunicação.
O festival, enfrentando desafios após a pandemia e as recentes greves em Hollywood, vê em documentários como “Russians at War” a contínua capacidade do cinema de provocar discussões e reflexões em sociedade.
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