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CRÍTICA | Wes Anderson mantém a sua essência e nos presenteia com o belo ‘Ilha dos Cachorros’

Os filmes do Wes Anderson são reconhecidos de longe pelas suas particularidades: o uso da simetria, movimentação vertical de câmera, divisão dos arcos em partes e bastante humor negro. E tudo isso se encontra aqui em "Ilha dos Cachorros", a segunda animação da carreira do diretor que chega aos cinemas nesta Quinta (19) com distribuição da Fox.
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Os filmes do Wes Anderson são reconhecidos de longe pelas suas particularidades: o uso da simetria, movimentação vertical de câmera, divisão dos arcos em partes e bastante humor negro. E tudo isso se encontra aqui em “Ilha dos Cachorros“, a segunda animação da carreira do diretor que chega aos cinemas nesta Quinta (19) com distribuição da Fox.

Após um surto de gripe canina, o prefeito Kobayashi, que prefere gatos, aprova uma lei que proíbe todos os cães de morarem na cidade de Megasaki, obrigando eles a serem enviados a uma ilha vizinha cercada de lixo. Mas o jovem Atari, enteado do prefeito, não aceita ser separado de seu cachorro Spots e dá um jeito de ir até a ilha em busca de seu fiel amigo, e isso acaba desencadeando diversos dilemas na cidade.

Tecnicamente o filme não deixa nada a desejar, a fotografia com seus planos simétricos intercalando entre o amarelo e o vermelho, mas que também usa o roxo para representar o lixão, conseguem trazer a beleza visual de um ambiente feio e sem vida. Os traços da animação são muito bem feitos, os cachorros roubam o protagonismo e são os personagens mais humanizados aqui, com bastante detalhes nos seus pelos, até mesmo quando sujos. enquanto os humanos são bastante caricaturizados. A trilha sonora também é ótima, com traços orientais através de percussão e instrumentos de sopro que conseguem harmonizar bem com a atmosfera do filme, apesar de ficar um pouco repetitiva em alguns momentos.

O roteiro é muito bem escrito, tem uma peculiaridade aqui de os humanos falarem em japonês sem ter suas falas traduzidas em muitos momentos, e mesmo sem o espectador entender o que eles falam, conseguimos entender o contexto de tudo. Já os cachorros tem seus latidos traduzidos para o inglês, com um ótimo elenco de voz, que conta com atores renomados como Brian Cranston, Bill Murray, Courtney B. Vance, Edward Norton, Liev Schreiber, Scarlett Johansson, dentre outros. É um filme que precisa ser visto com o áudio original. Os cachorros são bem desenvolvidos e tem suas motivações próprias, já os personagens humanos deixam um pouco a desejar justamente pela falta de comunicação. O protagonista Akira carrega um belo arco de busca do seu amigo, mas esse arco que tinha tudo para ser bastante emocionante, acaba ficando devendo na forma como ele mexe com o público.

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O filme traz um ótimo balanço de tom, consegue ser engraçado ao mesmo tempo que fala de assuntos sérios, se utiliza muito bem do humor físico e humor negro, e até trazendo um pouco do tragicômico, como uma grande característica do diretor. Às vezes é propositalmente autoexplicativo, mas não de uma forma que subestime a inteligência do público, mas como forma de enaltecer suas características.

No geral, “Ilha dos Cachorros” é belíssimo tecnicamente, tem bons personagens e consegue traçar um ótimo balanço entre o drama e a comédia. Deixa a desejar na parte emocional, mas ainda é um dos melhores filmes que saíram esse ano.

NOTA: 8.0