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CRÍTICA | ‘Vingança’ traz uma temática batida, mas consegue fazer melhor do que aqueles que fizeram antes

Mesmo bebendo da fonte de "Doce Vingança", o filme consegue se utilizar dos clichês para trazer algo violento e imersivo através de uma excelente direção
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No dia 31 de Maio chega aos cinemas brasileiros o filme “Vingança“, filme que bebe da muito da fonte do que foi estabelecido no popular “Doce Vingança“, mas que consegue elevar o nível e trazer violência e imersão em altas doses e nos trazer debates sobre a violência contra a mulher em um ótimo momento.

Jen (Matilda Lutz) é amante de um homem casado chamado Richard (Kevin Janssens) e vai a convite dele passar uns dias em uma mansão no meio do deserto. Lá, se depara com Dmitri (Guillaume Bouchède) e Stanley (Vincent Colombe), os dois sócios dele. Quando Richard passa uma manhã fora, Stanley se aproveita para violentar sexualmente a Jen, e ao descobrir, Richard toma medidas drásticas por medo de sua esposa descobrir sobre a Jen. Mas ela sobrevive, e está disposta a conseguir vingança para o grupo de sócios.

O filme é escrito e dirigido por Coralie Fargeat, o que já é interessante por termos uma mulher dirigindo um filme sobre violência contra a mulher, mas mais do que isso, é apenas o primeiro filme dela e ela consegue demonstrar total controle sobre o que está fazendo. Aqui ela desconstrói um padrão que envolve nudez feminina nesse tipo de filme, aqui ainda existe, mas bem menos. Mas algo que eu gostei demais foi ela usar a nudez masculina para demonstrar a fragilidade do homem em momentos chave.

Tecnicamente o filme é excepcional, a fotografia tem um tom vibrante com cores fortes do deserto e colocando o vermelho sempre em destaque para retratar a violência, com belos enquadramentos e um plano-sequência sensacional no final do filme. A trilha sonora é pulsante e funciona quase que no ritmo na batida do coração na hora da adrenalina. A maquiagem é bem trash, mas muito bem feita, traz uma sensação de desconforto ver as feridas e a forma como os personagens interagem com elas. E a mixagem de som é perfeita do início ao fim.

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O roteiro é a parte mais problemática do filme, começando pela familiaridade, pois se trata de algo que já está bem batido, com diversos filmes que já se utilizaram da temática. Inclusive ele é extremamente previsível, o próprio trailer já conta praticamente o filme todo. O primeiro e terceiro atos são bons, mas no segundo ato o filme acaba se tornando cansativo demais devido a demora com que os acontecimentos ocorrem, poderiam ter facilmente uns 20 minutos a menos. Os personagens são unilaterais, não há camadas sobre eles, funcionam basicamente como a mulher atrás de vingança e três homens desprezíveis. Também há certos exageros, que dependem da nossa suspensão da descrença para aceitar algumas coisas impostas pelo filme.

As atuações são consideravelmente boas, apesar de não terem tanta profundidade assim por conta do roteiro. A Matilda Lutz é a que mais se destaca por passar pelo estereótipo da mulher gostosa, a mulher fragilizada, e a mulher sedenta de vingança. Os homens do elenco convencem como seres desprezíveis, mas nada além disso.

A violência aqui é brutal, tem sangue à mostra em 80% do filme, e os detalhes com que tudo é exposto deixam a experiência ainda mais palpável. O filme tem um tom pesado, e consegue manter sua estrutura sem perder seu foco em momento algum, jamais tenta ser mais do que realmente é.

“Vingança” é previsível e mais longo do que deveria, mas seus aspectos técnicos elevam uma temática já saturada a um novo patamar. Em tempos em que casos de abuso ganham cada vez mais repercussão, é importantíssimo vermos um filme retratando isso e ainda mais com uma mulher escrevendo e dirigindo. Uma grata surpresa.

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