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CRÍTICA – The Good Fight: 3ª Temporada

A 3ª temporada The Good Fight ultrapassou as fronteiras do seu próprio universo e destacou a qualidade da produção da série. Confira a crítica da temporada
3.7/5 - (3 votos)

A terceira temporada de The Good Fight chegou ao fim. O spin off de The Good Wife ultrapassou as fronteiras do seu próprio universo. Personagens quebraram a quarta parede, cenas interrompidas por interlúdios musicais e o grande tema da temporada… Donald Trump. No último episódio da temporada o mundo está acabando. De uma forma teatral, é verdade, mas o desespero é real.

Essa temporada foi um empreendimento ousado, que só destacou a qualidade da produção da série. The Good Fight sempre pareceu uma ópera ou um balé – ritmamente impecável. Há alguns problemas de roteiro. Diálogos expositivos, decisões duvidosas e sub-tramas mal resolvidas.

O arco de Diane Lockhart (Christine Baranski) é de certo problemático. O seu marido Kurt (Gary Cole) foi expulso de um comício democrata simplesmente por não aplaudir Trump. Isso deu a ela esperanças de novo. Mas Diane havia desistido da luta por questões morais, não seria a quase insignificante rebeldia de seu marido que a faria mudar novamente de ideia. Ainda mais depois de ter ajudado Kurt a escrever um discurso pró-Trump.

A trama Marissa (Sarah Steele)/Maia (Rose Leslie) tem como tema uma traição pessoal. Maia não precisava ter traído Marissa, apesar de ter sido no final das contas apenas um mal-entendido. Após sair da empresa, Maia decide seguir ao frente ao aceitar trabalhar para Roland Blum (Michael Sheen) – ótima introdução a série – o homem responsável pela sua demissão. Ao lutar contra seu ex escritório, Maia diz que está fazendo isso para ajudar os antigos clientes da sua ex empresa. Mas no final, ela foi a grande beneficiada. A personagem realmente melhorou nesta temporada. Deixou de ser apenas uma garota indefesa e passou a construir uma personalidade lutadora, que não tem medo de perder e de abraçar seus desejos. As melhores histórias deste programa ainda são as que investigam os fundamentos psicológicos desses personagens e agitam as dinâmicas das relações interpessoais.

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Apesar de se vender como um escritório que luta contra injustiças, Reddick Boseman & Lockhart não é o que vende. Diane e Liz (Audra McDonald) têm que sair da empresa para encenar uma revolução e, quando o fazem, percebem seus próprios limites morais. Sim, é concebível que a inconsistência em Diane – o fato de que ela está desesperada para ver Trump fora do cargo, mas disposta a ajudar o marido a escrever um discurso pró-Trump – faz parte dessa narrativa, uma demonstração de que às vezes as pessoas estão muito ocupadas olhando para fora de si para consertar um problema quando elas poderiam estar lutando a luta em suas próprias casas. Mas o monólogo de “esperança” que ela dá a Adrian (Delroy Lindo) no final da temporada joga muito disso pela janela.

Esta temporada foi uma completa queda na loucura pura, e enquanto houveram partes que não funcionaram muito bem (os curtas musicais se tornaram muito confusos e muitas vezes não foram tão espertos quanto eles gostariam que fossem), é surpreendentemente mergulhar um pouco nessa renderização ficcional de nossa realidade fodida. The Good Fight está ancorado nos dias atuais de uma forma que nenhuma outra série consegue. Mas isso faz com que nos perguntemos como a série pode envelhecer, especialmente porque uma das desvantagens dessa configuração ultra-atual é que ela não permite muita reflexão ou distância de qualquer um dos problemas que ela está investigando. Os personagens estão processando em tempo real, ao nosso lado, e muitas vezes é estonteante e difícil para a série montar suas tramas sem parecer excessivamente simplista e moralizante.

Esta temporada nos deu uma falsa história de Melania Trump, um grupo de vigilantes de mulheres ricas tentando derrubar Trump que se chamava “o Clube do Livro”, um substituto de Roy Cohn. O final só oferece absurdos, como o testemunho ASMR no tribunal e bolas de raio. Cada vez mais, o programa se inclinou para a sátira e, de certa forma, foi mais bem-sucedido do que as recentes temporadas da Modern Family nessa tentativa. O final da terceira temporada do The Good Fight mergulha no caos e no senso de destruição do show de maneira visceral e muitas vezes sombria. Apenas as partes que traem os personagens são difíceis de suportar. A loucura faz parte do passeio.

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Há diversas perguntas que precisam ser respondidas na quarta temporada, e eu mal posso esperar para vê-las.