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Crítica | ‘Anon’ é visualmente impressionante, mas emocionalmente fraco

A Netflix lançou nesta sexta-feira (04), seu novo filme, intitulado "Anon". O longa está situado em uma metrópole sem nome onde o cybersnooping é uma forma de controle social. Todo cidadão é programado com aparelhos de alta tecnologia - vagamente explicados - que transmitem detalhes completos em todos os momentos, junto com um registro visual em primeira pessoa permanente que é coletado e arquivado. Para detetives como Sal Frieland (Clive Owen), esse arquivo de informações é acessível a qualquer momento em todo o Éter - uma versão de realidade aumentada da internet que transforma cada cidadão em um livro aberto -, e assim mantém as taxas de criminalidade baixíssimas.
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A Netflix lançou nesta sexta-feira (04), seu novo filme, intitulado "Anon". O longa está situado em uma metrópole sem nome onde o cybersnooping é uma forma de controle social. Todo cidadão é programado com aparelhos de alta tecnologia - vagamente explicados - que transmitem detalhes completos em todos os momentos, junto com um registro visual em primeira pessoa permanente que é coletado e arquivado. Para detetives como Sal Frieland (Clive Owen), esse arquivo de informações é acessível a qualquer momento em todo o Éter - uma versão de realidade aumentada da internet que transforma cada cidadão em um livro aberto -, e assim mantém as taxas de criminalidade baixíssimas.
Amanda Seyfried no novo filme da Netflix ‘Anon’

A Netflix lançou nesta sexta-feira (04), seu novo filme, intitulado “Anon”. O longa está situado em uma metrópole sem nome onde o cybersnooping é uma forma de controle social. Todo cidadão é programado com aparelhos de alta tecnologia – vagamente explicados – que transmitem detalhes completos em todos os momentos, junto com um registro visual em primeira pessoa permanente que é coletado e arquivado. Para detetives como Sal Frieland (Clive Owen), esse arquivo de informações é acessível a qualquer momento em todo o Éter  uma versão de realidade aumentada da internet que transforma cada cidadão em um livro aberto -, e assim mantém as taxas de criminalidade baixíssimas.

Porém, nem tudo é perfeito neste aparente paraíso tecnológico. Por conta desta tecnologia governamental, a vida das pessoas se torna completamente blasé. Tudo está a seu alcance, ao mesmo tempo que nada está. Nenhum personagem possui relacionamentos amorosos ou amigáveis, apenas relações profissionais e burocráticas – a vida em Anon é completamente vazia e melancólica.

Apesar de muito explorada no cinema e na séries de TV, a ideia de Anon continua boa e instigante. O início do filme é perfeito: estabelece os personagens principais e a investigação rapidamente, utilizando-se de poucos diálogos, deixando apenas o visual falar.

Com a ideia base estabelecida, a trama toma rumos interessantes. Quando uma série de assassinatos são cometidos – e quando as autoridades acessam os últimos momentos das vítimas, elas realmente vêem as coisas do ponto de vista do assassino. De alguma forma, o assassino está hackeando a mente da vítima e criando uma imagem espelhada do que ele mesmo vê. Uma misteriosa mulher usando o apelido online Anon (Amanda Seyfried) – principal suspeita de cometer os assassinatos -, que descobriu uma maneira de invadir o Éter, e ela está cobrando muito dinheiro de clientes obscuros em troca de limpar episódios incriminatórios de seu registro.

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Sal inventa um homem chamado Sol Grayson, um rico corretor da bolsa de valores, e cria um cenário no qual Sol se conecta com uma garota de programa e depois procura por um hacker que possa alterar suas memórias gravadas.

As atuações são operantes, nada espetacular é visto por aqui. Clive Owen está fazendo o papel de Clive Owen. Amanda Seyfried tem mais para fazer, mas acaba sendo limitada por conta das próprias características de sua personagem, uma mulher misteriosa, que não sabemos nem mesmo nome, e Seyfried entrega isso. Joe Pingue tem pouquíssimas cenas, mas mesmo com esta limitação, ainda conseguimos nos importar – pelo menos um pouco – com seu personagem.

Escrito e dirigido por Andrew Niccol (escritor de “Gatata – Experiência Genética”  e “O Show de Truman”), Anon é um filme belamente fotografado, com cenas externas em tons frios de azul e cinza. Porém, a beleza do filme para na fotografia. Apesar da premissa interessante e envolvente, nada que o filme se propõe a fazer, funciona. As críticas sociais estão mais para eufemismos.

Eu gostaria de dizer que o filme manteve a qualidade após o seu início; gostaria de dizer que ele te faz levantar discussões sobre privacidade, memória, percepção e falsa sensação de segurança, mas nada disso acontece. Toda a obscuridade de Sal Friedman é explorada apenas por flashbacks; não há mais nenhum elemento que dê força para o dor do personagem. O desfecho da trama é tão ridículo que chega a dar pena.

Visualmente impressionante, mas emocionalmente fraco, Anon é simplesmente vazio demais para nos importarmos.