Desde a segunda temporada de House of Cards, podemos observar o chefe de gabinete Doug Stamper (Michael Kelly), o fiel escudeiro de Frank Underwood (Kevin Spacey), ouvindo um áudio aparentemente motivacional enquanto dirige seu carro pelas ruas e estradas de Washington, buscando um pouco de estabilidade para seguir fazendo seu trabalho como deve ser feito, que é colocar em prática sua incrível habilidade de proteger seu presidente.
Este audiobook chama-se “Um Conto de Duas Cidades” (A Tale of Two Cities), da autoria de Charles Dickens, um dos romancistas mais famosos da era vitoriana, conhecido por suas críticas sociais na literatura ficcional inglesa. O livro original foi publicado em 31 capítulos semanais, publicados em jornais distribuídos entre 30 de abril e 26 de novembro de 1859, tendo como plano de fundo o início da Revolução Francesa, o período entre 1775 e 1793. É uma obra realista com forte tensão sentimental, tratando de temas como culpa, vergonha, gratidão e morte.
Doug Stamper vive buscando forças para superar seu vício com a bebida e manter-se focado. “Lembre-se de como somos fortes em nossa felicidade, e do quanto ele é frágil em sua miséria” e “Vejo que tenho um santuário nos seus corações, e nos corações dos seus descendentes por várias gerações. (…) O que faço hoje é muito melhor do que tudo quanto já fiz. E a paz que tenho hoje é muito, muito maior do que a paz que jamais conheci”, são trechos do livro que, quando compreendidos, podem trazer conforto e transformação. Doug tenta fazer sempre o seu melhor e busca neste audiobook a motivação para isso.
Charles Dickens expõe no seu livro observações sobre indivíduos de todas as camadas sociais da época: O aristocrata, o burguês, o camponês, o malandro, o vagabundo. Um dos personagens de destaque no livro é Charles Darnay, um aristocrata que abandona sua família e seu sobrenome influente na França e muda-se para a Inglaterra, onde, posteriormente, é julgado por traição contra o Reino da Grã-Bretanha. Aparentemente, ele é o herói deste romance.
Não por acaso, o personagem central e mais interessante de Um Conto de Duas Cidades é Sidney Carton, um jovem advogado muito perspicaz, porém, visto como um bêbado depressivo e com sérios problemas de autoestima. Ele é chamado de “o Chacal”, porque, enquanto seu colega de trabalho, o também advogado Dr. Stryver, apresenta de forma habilidosa cada caso, é o talento de Carton que ajuda a conquistá-los, mesmo que os créditos fiquem todos com Stryver. É como na natureza, onde os chacais ajudam os leões com a matança e os leões ficam com a melhor parte da carne.
Dr. Stryver e Sidney Carton tornam-se advogados de Charles Darnay e, durante o julgamento, Stryver chama a atenção de todos para a semelhança física entre Carton e o réu. Darnay acaba absolvido, mas, anos depois, é condenado à guilhotina por outras implicações do enredo. Carton, o chacal, vai visitá-lo e acaba fingindo ser o prisioneiro, libertando assim o verdadeiro culpado, Darney.
O livro de Charles Dickens fala também de ressurreição e heroísmo. Não há heroísmo em House of Cards, mas a capacidade do casal Underwood de ressuscitar e prosperar nos cenários mais improváveis é louvável. Por diversas vezes, vimos Frank Underwood encurralado, mas, de forma magnífica, encontrando meios de desviar do perigo constante e seguir seu avanço profissional, subindo degraus cada vez mais altos.
Mas Francis e Claire são os únicos que permanecem de pé quando a fumaça da guerra termina. Mesmo os mais leais ao casal Underwood não estão seguros. Assim como no Conto de Duas Cidades, onde quem teve seu destino selado na guilhotina foi Sydney Carton, não Charles Darnay, podemos ter a certeza que em House of Cards, nem Francis, nem Claire, terão que enfrentar a lâmina afiada, apesar dela estar sempre apontada para eles. Haverá sempre uma cabeça a ser oferecida em seu lugar.
“Por você e seus entes queridos, eu faria qualquer coisa. Se minha carreira oferecesse alguma oportunidade ou capacidade de sacrifício, eu aceitaria qualquer sacrifício por você e seus entes queridos.”
Sydney Carton, em trecho de Um Conto de Duas Cidades
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Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens
“Um Conto de Duas Cidades” é um clássico literário escrito por Charles Dickens, publicado pela primeira vez em 1859. O romance se passa durante a Revolução Francesa e apresenta uma trama emocionante e complexa que aborda questões sociais e políticas da época.
A história do livro é cheia de reviravoltas e se desenrola em duas cidades principais: Londres e Paris. Dickens retrata de forma vívida a sociedade inglesa e francesa do século XVIII, destacando as profundas diferenças entre a aristocracia e o povo comum. A obra é conhecida por sua prosa rica e descritiva, que transporta o leitor para a atmosfera tensa e tumultuada da Revolução Francesa.
Os personagens de “Um Conto de Duas Cidades” são marcantes e bem desenvolvidos. Entre os principais estão o advogado inglês Sydney Carton, o nobre francês Charles Darnay, sua amada Lucie Manette e o sinistro Ernest Defarge. Suas histórias se entrelaçam em meio aos eventos turbulentos da revolução, com dramas pessoais, intrigas políticas e lutas pela justiça.
Uma das características notáveis da obra é o contraste entre as duas cidades do título. Enquanto Londres é retratada como uma cidade próspera e estável, Paris é apresentada como um lugar caótico e violento durante a revolução. Essa dualidade é explorada por Dickens para destacar as desigualdades sociais e a luta dos menos privilegiados por justiça e igualdade.
“Um Conto de Duas Cidades” é uma história de amor, sacrifício, redenção e esperança. Dickens utiliza sua habilidade narrativa para criar uma trama envolvente e emocionante, que culmina em um clímax emocionalmente poderoso. A obra é considerada uma crítica social e política contundente da época e ainda é relevante nos dias atuais.
Em resumo, “Um Conto de Duas Cidades” é uma obra-prima da literatura mundial, que cativa o leitor com sua narrativa rica e envolvente. É uma história atemporal que aborda questões sociais e políticas de forma impactante, com personagens memoráveis e uma trama emocionalmente poderosa.
Por que Doug Stamper é tão leal a Frank Underwood?
Doug Stamper vive para o trabalho, não tanto para Frank Underwood. Ele sabe no que é bom e não foge disso. Ele é leal porque a lealdade é um pré-requisito para qualquer um que faça o tipo de trabalho que ele faz em House of Cards.
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