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CRÍTICA | ‘I Am Mother’ é um Syfy esteticamente impressionante, mas tediosamente frio

Longa estreou no Festival de Sundance 2019 e já está disponível no catálogo da Netflix.
5/5 - (1 voto)

Longa estreou no Festival de Sundance 2019 e já está disponível no catálogo da Netflix.

Gran Sputore faz sua estreia ambiciosa como diretor de cinema após passar a maior parte da carreira dirigindo comerciais de TV na Austrália. Sputore faz um trabalho exepcional no que diz respeito ao design do filme. Se levarmos em consideração o baixo orçamento do longa, impressiona mais ainda. Infeliz essa é uma das poucas qualidades do filme.

‘I Am Mother’ mostra um droíde cuja única finalidade é criar uma nova geração de humanos, uma nova humanidade. O filme nos informa que há um banker no meio do nada que possui 63.000 embriões humanos mas nenhuma vida humana em si. O droíde é chamado apenas de ‘Mãe’ (voz de Rose Byrne), que nas primeiras cenas do filme passa a maior parte do tempo dando vida a um embrião passando pela infância (Tahlia Sturzaker) até a fase adulta (Clara Rugaard). Vemos uma adulta obediente, que passa o seu tempo estudando, fazendo provas de ética/filosofia enquanto assisti a programas antigos do “The Tonight Show com Johnny Carson” para ver como os humanos interagiam entre si e tendo aulas de balé.

O droide diz à filha que a cobiça e o egoísmo do homem fizeram com que eles perecessem (ou algo assim) e que o trabalho da mãe é garantir que ela não apenas cresça em segurança, mas também aprenda os melhores caminhos do mundo antigo. É importante ressaltar que a mãe insiste em que qualquer catástrofe ocorrida fora do banker tornou a superfície muito perigosa para ser explorada, o que mantém a filha presa no complexo por toda a sua vida. Quando a filha descobre um rato esgueirando-se pela sala de armazenamento, ele pergunta se realmente não há nada vivo no mundo exterior. E então as coisas ficam um pouco mais interessantes.

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Essa questão aumenta quando a filha descobre uma mulher (Hilary Swank) que está ao lado de fora do banker pedindo ajuda após ter sido baleada. A mulher deixa claro que não possui nenhuma infecção e que está saudável – exceto pela bala alojada na sua barriga -, e diz também que chegou ao banker após se aventurar fora das minas, onde um grande grupo de pessoas estava se escondendo dos droides que os atacavam anos atrás. Não é preciso dizer que a mulher não confia na mãe, mesmo quando o droide insiste que a única diretriz em sua programação foi proteger a raça humana. Cria-se um conflito previsível em que a filha começa a questionar a máquina que a criou assim como a mulher, cuja história superficial parece mudar um pouco, à medida que seu tempo no bunker se arrasta.

Michael Loyd Green roteirista responsável pela bem sucedida Black List não consegue fazer um bom trabalho aqui. A sinopse do filme é interessante, mas o desenvolvimento da história, não. Muitos diálogos expositivos e um mistério que não consegue cativar. O roteiro acerta na criação da mãe, cuja motivação parece genuína e nos faz ficar interessantes mais na nela do que no restante do filme. Infelizmente, isso não faz um filme e torna-se cada vez mais difícil acreditar que a mãe é perigosa ou que não pode ser detida caso algo dê errado .

Desenvolvido pela Weta Workshop, o robõ Mãe é impressionante quando você percebe o quanto ele se move e interage com os personagens em tomadas estendidas. Há cenas com uma mãe CG (principalmente sequências em execução), mas na maior parte, é um efeito prático. Há parceria Michael Loyd Green e Weta Workshop é positiva porque afasta completamente qualquer dúvida sobre se um droíde pudesse realmente criar um recém-nascido. Há uma cena em que a mãe encontra a música certa para fazer um bebê adormecer e demonstrar isso perfeitamente.

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De diversas formas, ‘I Am Mother’ é uma espécie de teste para todos os envolvidos. Mas o real problema é que, apesar de suas habilidades consideráveis, Sputore está tão envolvido com a tecnologia, que ele perde o controle tanto do suspense quanto das emoções humanas primárias que deveriam estar dirigindo esse filme distópico esteticamente impressionante, mas tediosamente frio. E não ajuda que mesmo com o foco aqui em personagens femininas e os laços da maternidade, o filme em nenhum momento consiga atingir qualquer senso de fragilidade humana.