Longa chega aos cinemas nessa quinta (30) em todo o Brasil
Chega aos cinemas nesta quinta, um filme que traz a história do cantor Elton John de uma forma bem diferente do convencional. Estou falando de Rocketman, que não se conforma em ser uma simples biografia e traz elementos lúdicos e uma linguagem do cinema musical como forma de auxílio narrativo. Mas o que faz o filme ser tão bom? É o que vamos tentar destrinchar neste texto.
Logo de cara, vemos que o filme decide abordar os elementos não de forma cronológica, mas colocando o Elton em uma reunião de viciados para contar sua própria história. Pode até parecer que isso não influencia muito, mas esse ponto é essencial para o filme funcionar, pois a narrativa vai caminhando de acordo com sua visão, se aquilo é verdade ou não, não nos importa, o que interessa de verdade é a história de vida do ponto de vista que estamos enxergando.
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Mas se você acha que esse artifício é usado para dar uma passada de pano para os erros e exageros de sua vida, você está completamente enganado. O longa é bem expositivo e transmite uma verdade que é muito bem-vinda aqui. O filme não pega leve no uso de álcool e drogas, e nem mesmo nas cenas de sexo. Ao mesmo tempo, vemos a relação do cantor com a música de uma forma muito poética e fantasiosa. Elton se vê como um personagem e sua música tem o poder de transformar o ilógico em algo palpável que transparece também ao seu público.
É um belíssimo roteiro que joga fora todos os acontecimentos episódicos, como acontece, por exemplo, em Bohemian Rhapsody. As canções aqui ajudam a contar a história e não apenas como recurso de fan service para fazer seu público cantar junto. Todos os personagens secundários são importantes para fazer do Elton tudo aquilo que ele se transformou, seja para o lado positivo ou negativo, alguns deles acabam ficando um pouco mais caricatos do que deveriam, mas nada que atrapalhe muito.
Mas mesmo com todos esses acertos, o grande ponto alto de Rocketman é a atuação primorosa do Taron Egerton. Podemos falar que ele conseguiu incorporar todas as nuances de Elton John com perfeição, transitando entre momentos mais intimistas, as performances corporais, a ascenção e ao declínio. Muitas vezes eu esqueci que ele estava atuando, pois ele consegue tornar tudo muito real. Tem que aplaudir também a equipe de maquiagem e cabelo pelo excelente trabalho. É a melhor atuação de 2019 até agora e deve chegar forte nas premiações. O restante do elenco nem tem o mesmo peso e nem o mesmo brilho, mas fazem trabalhos funcionais para conseguir enaltecer o protagonista. Dentre os principais nomes estão Jamie Bell, Richard Madden e Bryce Dallas Howard.
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A direção de Dexter Fletcher consegue entender perfeitamente os caminhos tomados pelo roteiro. Há closes nos momentos intimistas pra enaltecer a atuação do Taron e planos abertos e longos nas sequências musicais, que por sinal, são belíssimas, sempre com muitas cores e ótima composição de mise-en-scène, também vale elogiar o grande trabalho de figurino e direção de arte. Não espere grandes momentos, o filme não tenta ser épico, e funciona bem dentro de sua proposta de misturar o fantasioso com o íntimo.
O tom aqui é bem estabelecido e o ritmo é agradável. O CGI tem algumas coisas um pouco bizarras, mas no geral trabalha bem, já a mixagem e a edição de som são perfeitas.
Rocketman é uma preciosidade! Não é preciso ser fã do Elton John para enxergar suas inúmeras qualidades. O abraço ao lúdico o torna único, suas decisões narrativas o engrandecem ainda mais, e a atuação do Taron Egerton assina o filme com chave de ouro. Um dos melhores do ano e promete vir com força nas premiações.
23 anos, estudante de Jornalismo, apaixonado por cinema, séries e esportes