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RPGs conseguirão resolver seu problema de urgência?

RPGs conseguirão resolver seu problema de urgência?
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Em muitos jogos de RPG, a narrativa muitas vezes envolve um grande conflito que ameaça acabar com o mundo. No entanto, a dinâmica existente em muitos desses jogos levanta uma questão intrigante: por que, quando há tanto em jogo, o fim do mundo sempre parece poder esperar enquanto os jogadores completam suas diversas missões secundárias? Essa situação é comum, como pode ser visto em “Dragon Age: The Veilguard”. Após um clímax emocionante no final do primeiro ato, o jogo pede ao jogador que se concentre em missões relacionadas a companheiros, mesmo quando a destruição do mundo continua iminente. O senso de urgência é deixado de lado em favor de uma mudança de ritmo e exploração de outros aspectos do jogo.

Esse fenômeno não é exclusivo de “Dragon Age”. Em “Mass Effect”, mesmo com a ameaça de destruição galáctica pelos Reapers, os jogadores são incentivados a explorar e até investigar planetas antes de enfrentar a crise. Em “Baldur’s Gate 3”, mesmo com uma larva que pode transformar o protagonista em um temível devorador de mentes, há tempo para se envolver em atividades paralelas. “The Witcher 3: Wild Hunt” também ilustra essa situação, onde, enquanto a protagonista Ciri está em perigo, o jogador pode se desviar para competições de boxe ou jogos de cartas.

Essa abordagem é tão prevalente que é difícil encontrar um RPG que não a utilize. Isso levanta questionamentos sobre a estrutura e a função do RPG: estamos tão habituados a essa ideia de que o tempo é elástico, que frequentemente não consideramos uma narrativa onde o tempo realmente importa?

Por outro lado, existem jogos que desafiam essa normatividade. “Pentiment”, embora não se encaixe perfeitamente na definição tradicional de RPG, introduz um senso de urgência e escolhas significativas relacionadas ao tempo. A progressão do tempo e a limitação das ações exigem que o jogador tome decisões mais ponderadas, algo que poderia interessantes em um RPG tradicional.

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A discussão se estende para as raízes das mecânicas dos RPGs, que remontam ao Dungeons & Dragons. A liberdade dos jogadores e o uso da narrativa à sua maneira pode ter moldado a maneira como os RPGs em vídeo se desenvolveram, permitindo que os jogadores escolham como e quando enfrentar os desafios com urgência.

Embora a ideia de apressar os jogadores possa mudar a maneira como apreciamos um RPG, muitos jogadores vão à caça de experiências imersivas, onde podem se perder em mundos ricos e complexos. Isso levanta a questão: estamos dispostos a abrir mão de um tempo indefinido para explorar um jogo por uma narrativa mais urgente e direta?

Essa contemplação sobre o tempo e a urgência nas narrativas dos RPGs sugere um espaço fértil para exploração. A evolução dos RPGs pode um dia levar a experiências mais envolventes, onde cada decisão se torna crucial em meio a uma pressão palpável.