O documentário “Riefenstahl”, dirigido por Andres Veiel, estreará no Festival de Cinema de Veneza em 28 de agosto de 2024. Este filme provoca uma reflexão sobre a figura de Leni Riefenstahl, a cineasta favorita de Adolf Hitler, e sua relação com o regime nazista.
Riefenstahl, famosa por seu filme “Triunfo da Vontade”, encontrou-se pela primeira vez com Hitler em um comício em 1932, onde descreveu uma experiência quase hipnótica. Em suas declarações, a diretora tentou se distanciar de sua relação com os nazistas, alegando que sempre se apresentou como uma artista apolítica. Contudo, o documentário argumenta que essa narrativa foi cuidadosamente elaborada para eximir Riefenstahl de sua verdadeira responsabilidade como propagandista do regime.
Andres Veiel investiga os arquivos de Riefenstahl, que estão sob a custódia da Fundação Prussiana de Patrimônio Cultural em Berlim. O diretor afirma que ela destruiu muitas evidências que contradiziam sua versão dos fatos. Por exemplo, ele recuperou uma entrevista de 1934 que revela que Riefenstahl se tornou uma entusiasta do nacional-socialismo após ler “Mein Kampf”.
Ela frequentemente minimizava o conteúdo de seus filmes; por exemplo, ao afirmar que “Triunfo da Vontade” falava apenas sobre “trabalho e paz”, enquanto a obra de fato exibia discursos de alta característica antissemita. Veiel pondera sobre essa negação e como a distorção da verdade é um fenômeno que se repete, ligando-se a líderes populistas contemporâneos.
O documentário também traça um paralelo entre a estética visual que Riefenstahl usava para glorificar o regime nazista e as técnicas usadas por líderes atuais para ostentar poder. Veiel chegou a observar semelhanças no uso de imagens de Putin em desfiles, que ecoavam a abordagem de Riefenstahl.
Na visão de Veiel, o trabalho de Riefenstahl faz parte de um contexto mais amplo de ideologias que desumanizam os fracos em favor da glorificação dos fortes. Ele enfatiza a importância de examinar a interseção entre arte e ideologia, algo que é particularmente ameaçador na política atual.
Por fim, o filme “Riefenstahl” não apenas se debruça sobre a trajetória de uma figura histórica controversa, mas também provoca uma discussão sobre a busca por heróis limpos na sociedade e a persistência das mentiras que perpetuam esses mitos.
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