A série “M*A*S*H”, que estreou em 1972, se tornou uma das sitcoms mais queridas da televisão, tendo como pano de fundo a Guerra da Coreia. Baseada no filme de Robert Altman e no livro “MASH: A Novel About Three Army Doctors” de Richard Hooker, a série apresenta uma visão distinta do Hospital Móvel de Cirurgia do Exército 4077. Altman, criador do filme, não gostava da série, assim como Hooker expressou descontentamento com a caracterização de um dos personagens principais. No entanto, o criador da série, Larry Gelbart, conseguiu moldar a narrativa conforme avançava, trazendo à tona personagens memoráveis.
Um personagem notável que surgiu foi o Cabo Maxwell Klinger, interpretado por Jamie Farr. Klinger, um oficial que deseja desesperadamente sair do exército, se destaca por suas tentativas de obter uma dispensa por questões de saúde mental, levando-o a usar roupas femininas. Inicialmente, a aparição de Klinger estava planejada para uma única episódio, mas ele se tornou uma figura recorrente e, eventualmente, um membro regular do elenco, começando sua trajetória na série no episódio “Chief Surgeon Who?”.
Farr comentou sobre como foi convidado para interpretar Klinger numa entrevista ao Smithsonian, revelando que seu vínculo com o diretor Gene Reynolds, que havia trabalhado com ele anteriormente, foi determinante. O ator estava passando por um período difícil em sua carreira e aceitou a proposta de $250 por um dia de trabalho. Sua performance impactante fez com que fosse chamado de volta, resultando em sua participação em seis episódios daquela primeira temporada, e posteriormente, uma contratação formal na terceira temporada.
A evolução de Klinger ao longo da série é uma das mais significativas. Inicialmente, ele era apenas uma piada recorrente, com seu cross-dressing sendo uma forma de humor fácil. Com o tempo, o personagem se transforma e se torna um dos membros mais dedicados e altruístas da unidade. Farr aproveitou suas experiências militares para enriquecer sua atuação, tornando Klinger um personagem complexo, mas sua trajetória não é isenta de críticas.
A representação de Klinger levanta questões sobre a forma como o cross-dressing e o humor em torno dele foram tratados nas primeiras temporadas. Farr destacou que seu personagem poderia ser visto como um “personagem de desenho animado”, especialmente em suas tentativas exageradas de conseguir a dispensa militar. Ao longo do tempo, Klinger reconhece que se sente à vontade usando roupas femininas, que simbolizam uma proteção contra as atrocidades da guerra. Essa complexidade foi desenvolvida lentamente na trama.
O legado de Klinger é complicado. Enquanto no início a série fazia piadas de mau gosto sobre homens em vestidos, a evolução do personagem mostrava uma mudança de atitude. Quando Klinger aceita sua identidade, o programa passa a apresentá-lo como um indivíduo forte e capaz. A série, através dessa evolução, sugere que a flexibilidade de gêneros não influencia o caráter de alguém, uma perspectiva progressista para a década de 1970, mas que teve suas falhas nos primeiros episódios.
Apesar dos tropeços nas temporadas iniciais, o crescimento de Klinger como personagem compensa, sendo ele posteriormente visto como mais do que um simples estereótipo. “M*A*S*H” explorou diversas questões sociais, incluindo a luta de soldados LGBTQ ao longo da história. Klinger, mesmo que tenha demorado para se tornar um componente mais integral e positivo do elenco, acabou despertando o amor do público e reinventando a carreira de Jamie Farr, que se tornou um ícone da série.
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