A estreia de “The Woman in the Wall” no Paramount+ trouxe uma história ficcional envolvendo uma mulher interpretada por Ruth Wilson, conhecida por seu trabalho em “The Affair”. No entanto, há um elemento da série que é extremamente real: a história desonrosa das Lavanderias de Madalena na Irlanda. O primeiro episódio da série, exibido na sexta-feira, abordou esse tema de forma linear.
As Lavanderias de Madalena foram instituições que operaram na Irlanda durante grande parte do século XX. Esses lugares eram administrados pela Igreja Católica e destinados a mulheres consideradas socialmente indesejadas, como mães solteiras, prostitutas e mulheres consideradas moralmente corruptas.
Na época, a Irlanda era altamente conservadora e as instituições religiosas exerciam grande influência. As Lavanderias de Madalena se apresentavam como um meio de “salvar” essas mulheres, oferecendo abrigo e trabalho em troca de penitência pelos seus supostos pecados. No entanto, essas instituições se tornaram notórias por abusos e exploração das mulheres que nelas habitavam.
As mulheres nas Lavanderias de Madalena eram forçadas a trabalhar longas e exaustivas jornadas em condições precárias. Elas eram submetidas a trabalhos de lavanderia repetitivos e desgastantes, além de outras tarefas domésticas pesadas. Muitas vezes, as mulheres eram mal alimentadas e sofriam abusos físicos e emocionais das freiras que supervisionavam as instituições.
Além disso, as mulheres tinham seus filhos retirados à força e colocados para adoção. Essas mães frequentemente sofriam com a dor e o trauma de serem separadas de seus filhos sem o seu consentimento. Muitas vezes, elas eram estigmatizadas e marginalizadas pela sociedade, enfrentando dificuldades para reconstruir suas vidas após deixarem as Lavanderias de Madalena.
A extensão dos abusos nas Lavanderias de Madalena só veio à tona nas últimas décadas, com muitas mulheres corajosas compartilhando suas histórias de horror. Em 2013, um relatório oficial do governo irlandês confirmou que mais de 10.000 mulheres passaram por essas instituições entre os anos de 1922 e 1996. O relatório condenou as Lavanderias de Madalena como um exemplo de uma “cultura de negação” na Irlanda.
“The Woman in the Wall” explora esse sombrio capítulo da história irlandesa por meio da personagem fictícia interpretada por Ruth Wilson. A série retrata os abusos e as experiências traumáticas vividas pelas mulheres nas Lavanderias de Madalena, bem como as consequências duradouras dessas instituições na vida delas.
Embora seja uma obra de ficção, é importante reconhecer que as Lavanderias de Madalena são uma parte real e triste da história da Irlanda. O primeiro episódio de “The Woman in the Wall” serve como um lembrete poderoso da necessidade de confrontar e aprender com os erros do passado, para garantir que tais atrocidades nunca se repitam.
Embora as Lavanderias de Madalena tenham sido fechadas há décadas, o impacto dessas instituições continua sendo sentido por muitas mulheres até hoje. A série “The Woman in the Wall” traz à tona uma discussão importante sobre justiça, cura e a importância de se reconhecer a verdade histórica.
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