Crítica de ‘Hors du Temps’: Olivier Assayas faz uma reflexão pessoal sobre a vida durante o lockdown da Covid – Festival de Berlim
Olivier Assayas, renomado diretor francês, apresentou no Festival de Berlim o seu mais recente trabalho, intitulado “Hors du Temps”, que explora de forma pessoal a experiência de viver sob o lockdown da Covid-19. O filme, que foi renomeado como “Suspended Time” para o mercado de língua inglesa, traz consigo um senso de piada contínua.
Assayas, conhecido por sua abordagem complexa e auto-ficcional, já havia explorado a temática de seu filme “Irma Vep” em sua série de TV lançada em 2022. Nessa série, Assayas interpreta o diretor de um filme chamado “Irma Vep”, o qual ele já havia de fato feito 20 anos atrás. Essa interconexão entre suas obras cria um tom de brincadeira recorrente em “Hors du Temps”.
No filme, Assayas mergulha em suas próprias memórias e experiências durante o período de lockdown. Ele oferece ao espectador uma visão íntima de como a pandemia afetou sua vida pessoal e profissional, destacando as frustrações, medos e questões existenciais que surgiram durante esse tempo de isolamento. Ao fazer isso, o diretor busca não apenas explorar sua própria vivência, mas também questionar e refletir sobre a natureza humana diante de adversidades globais.
Através da narrativa de “Hors du Temps”, Assayas mergulha em temas como solidão, ansiedade, perda e transformação pessoal. O diretor retrata as emoções universais que muitos de nós experienciamos durante a pandemia, criando assim uma conexão emocional intensa com o público. Sua abordagem pessoal e sincera transmite uma sensação de autenticidade que ressoa profundamente.
Assayas também utiliza elementos visuais e sonoros de forma impactante para transmitir as nuances desse período histórico. A atmosfera opressiva e claustrofóbica do lockdown é retratada através do uso de locações fechadas e enquadramentos apertados, enquanto a trilha sonora evoca uma sensação de angústia e incerteza. Essas escolhas estilísticas contribuem para a imersão do espectador nesse mundo restrito e angustiante.
Além disso, a obra também examina as consequências da pandemia no âmbito social e cultural. Assayas aborda a perda do contato físico, a falta de conexão humana e a transformação das relações interpessoais no contexto do distanciamento social. Essas reflexões sobre a sociedade pós-pandemia oferecem uma visão crítica e profundamente relevante sobre as mudanças que estamos vivenciando no mundo atual.
No geral, “Hors du Temps” é uma obra emocionalmente poderosa que retrata de forma pessoal e reflexiva a experiência da pandemia de Covid-19. Olivier Assayas mergulha profundamente em suas próprias vivências e memórias, oferecendo uma visão intimista e autêntica desse período histórico desafiador. Com sua abordagem sincera e seu olhar aguçado, Assayas nos conduz por uma jornada emocional que ecoa as experiências de muitos durante esse tempo de isolamento. É um filme que, sem dúvidas, irá ressoar com o público e deixar uma marca duradoura.
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