No filme “Priscilla”, dirigido por Sofia Coppola e baseado nas memórias de Priscilla Presley, acompanhamos a história de uma garota que tem de tudo, exceto poder real. O filme retrata o sonho de realização de desejos de Priscilla, que perde o ímpeto quando acorda para a realidade. Sofia Coppola é conhecida por fazer filmes sobre mulheres brancas, abastadas e tristes, assim como Martin Scorsese é conhecido por seus filmes sobre gangsteres. Seus personagens femininos tendem a aproveitar suas posições privilegiadas e luxuosas por estarem próximas a homens que podem oferecer-lhes esses privilégios. São esposas, filhas ou objetos de desejo, mulheres belas, delicadas, jovens e brancas que acreditam ser valorizadas por sua posição social, até que percebem que isso não é verdade. Priscilla é o exemplo perfeito disso. Conhecemos Priscilla Beaulieu, interpretada por Cailee Spaeny, uma jovem que conhece Elvis Presley em uma base aérea americana na Alemanha em 1959. Coppola escolheu Spaeny por sua aparência juvenil e nos apresenta Priscilla como uma garota adolescente, porém confrontadora. Ela é uma adolescente que está prestes a realizar todos os seus sonhos, mas ao mesmo tempo percebe o quanto isso pode ser perturbador. A trilha sonora luxuriante e anacrônica do filme, e a falta das músicas de Elvis Presley, que não foram licenciadas, contribuem para a atmosfera do filme. Priscilla é baseado nas memórias de Priscilla Presley, mas o foco está na história dela e não na de seu famoso marido. Elvis é retratado como um personagem doméstico, e seu apelo como artista é mostrado de forma distante e abstrata. Priscila é escolhida para ser a esposa de Elvis, mas isso significa que ela precisa ser o que ele espera quando ele retorna para casa. Ela se vê cada vez mais isolada e reduzida, e as cenas em que Spaeny perambula sozinha por Graceland são icônicas. A adolescência é retratada como um sonho, mas Priscilla percebe lentamente a realidade de sua situação. O filme é desconfortável e envolvente, e mostra a diferenciação de poder entre Priscilla e seu amante celebridade, além das situações surreais em que ela se encontra. Embora haja momentos de triunfo e autoafirmação para Priscilla, o filme parece ter menos interesse nesses momentos do que nas fases iniciais do relacionamento, quando Priscilla é seduzida por um príncipe moderno e deixa sua vida comum para viver em um palácio na Tennessee. “Priscilla” é um conto de fadas que mostra que nem tudo é o que parece, mas é mais vibrante quando mantém um pouco da ingenuidade encantadora e não se concentra apenas nas verdades mais duras.
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