Quando se fala sobre o mundo do cinema, é interessante notar como alguns filmes que fracassaram nas bilheteiras acabam se tornando ícones culturais ao longo dos anos. O exemplo mais notável é “The Shawshank Redemption”, que lidera a lista dos filmes mais bem avaliados no IMDb. Apesar de seu status atual, o filme foi um fracasso relativo em sua estreia, mas venceu o tempo, encontrando um novo público através de cópias em VHS e exibições tardias.
Além de “The Shawshank Redemption”, outras produções como “Citizen Kane”, “Idiocracy”, “American History X”, “Brazil”, “The Big Lebowski” e “American Psycho” também não tiveram o sucesso esperado em suas estreias. O que essas obras têm em comum é que, embora não tenham impactado o público inicialmente, encontraram fama e apreciação mais tarde, muitas vezes através das redes de televisão a cabo e das recomendações boca a boca.
Com a ascensão dos serviços de streaming, a dinâmica de descobrimento de filmes mudou significativamente. Antes, clássicos como “Event Horizon” e “Fight Club” podiam ser vistos repetidamente em programação de televisão, criando uma nova base de fãs. O diretor Paul W.S. Anderson comentou sobre a redescoberta de “Event Horizon” ao afirmar que está contente com a recepção que o filme recebeu mesmo depois de tantas décadas. Esse fenômeno do “cabo” permitiu que muitos filmes, que inicialmente foram ignorados, encontrassem seu público e serem avaliados de forma mais justa.
No entanto, o espaço para redescoberta se diminuiu com o advento das plataformas de streaming. A grande quantidade de filmes lançados diariamente pode ser avassaladora para os espectadores, tornando difícil para filmes menos promovidos se destacarem. O efeito cativante da televisão por assinatura, onde o público se via obrigado a assistir o que estava disponível, não existe mais. As redes sociais tomaram esse espaço, mas muitas vezes não promovem a profunda apreciação de clássicos que não tiveram uma boa recepção na época.
Esse novo cenário tem suas desvantagens, pois trailers e estratégias de marketing nem sempre atingem o tom certo para filmes que exigem uma apreciação mais gradual. Obras que não são facilmente “vendáveis” em um trailer ou pôster podem ter dificuldades em chamar a atenção do público devido à natureza superficial das decisões de compra atuais.
Assistir a um trailer de “E.T.” nos anos 80 gerou um grande sucesso, enquanto filmes mais complexos e sombrios, como “The Thing” e “Blade Runner”, sofreram nas bilheteiras. Tal situação faz refletir que um filme pode ser aclamado pela crítica, mas seu sucesso depende de muitos fatores que vão além do conteúdo criativo.
Essa nova era impacta profundamente o futuro dos filmes, deixando os diretores e cineastas sem a mesma margem de manobra para que suas obras sejam redescobertas e apreciadas. É um lembrete de que a verdadeira medida de um filme pode não ser a bilheteira no fim de semana de estreia, mas sim a forma como ele é avaliado ao longo do tempo e sua capacidade de encontrar um novo público que reconhece seu valor.
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