John Wayne foi um ícone do cinema ocidental e, apesar de seu status, também teve suas frustrações e descontentamentos. Um episódio notável em sua carreira foi quando ele perdeu o Oscar de Melhor Ator em 1950 para Broderick Crawford, que foi premiado por sua atuação em “All the King’s Men”, um filme que Wayne desprezava profundamente.
“All the King’s Men”, dirigido por Robert Rossen e lançado em 1949, retrata a trajetória corrupta de um governador do sul dos Estados Unidos, refletindo sobre a ambição e a degradação moral na política. A produção é conhecida por suas críticas à corrupção governamental, um tema que incomodava Wayne. Ele, que estrelou “Sands of Iwo Jima”, não apenas ficou frustrado com a derrota, mas também fez críticas contundentes ao longa-metragem vencedor. Em suas próprias palavras, Wayne expressou que a obra “desmoraliza a máquina do governo sem propósito de humor ou iluminação” e, segundo ele, “degrada todos os relacionamentos” e “joga ácido sobre o modo americano de vida.”
Essa visão de Wayne sobre “All the King’s Men” se alinhava com seu olhar mais amplo sobre cinema e a representação da América. Ele era conhecido por criticar qualquer filme que, em sua opinião, apresentasse uma visão negativa do país ou do governo, sem levar em consideração os aspectos artísticos e narrativos dessas obras. Sua aversão a filmes que questionavam instituições americanas foi evidente ao afirmar que não gostava de “High Noon” e “Midnight Cowboy”, por considerá-los agressivos demais em suas críticas sociais.
Além disso, Wayne via sua atuação nas telas como uma forma de exaltar o patriotismo. Ele acreditava que a representação do herói americano deveria ser glorificada e não questionada. Ao longo da vida, ele se tornou cada vez mais vocal sobre suas crenças conservadoras, o que o distanciou de contemporâneos como Clint Eastwood, que abordavam a complexidade moral nas histórias ocidentais de forma mais ambígua.
Apesar de ser um ator carismático e ter protagonizado clássicos sob direções de grandes cineastas, como John Ford e Howard Hawks, Wayne sentia que sua arte não era reconhecida como deveria. Sua única vitória no Oscar, por “True Grit”, ocorreu em 1969, mas suas opiniões sobre filmes como “All the King’s Men” revelam mais sobre suas convicções pessoais do que sobre suas habilidades de atuação.
Portanto, a resistência e a crítica de John Wayne a obras que ele considerava afrontas à americanidade não só delinearam sua carreira, mas também refletiram um grande embate cultural no cinema da época, onde a arte e a política muitas vezes se entrelaçavam de maneira complexa e desafiadora.
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