O filme “Master”, dirigido por Mariama Diallo e estrelado por Regina Hall, é uma obra que aborda temas como poder, legado e as verdades assombradas na sociedade. Lançado em 18 de março de 2022, a trama se desenrola em uma prestigiada universidade de Nova Inglaterra, onde Regina Hall interpreta Gail Bishop, a primeira mulher negra no cargo de “master” da instituição.
Gail enfrenta dificuldades ao tentar se adaptar aos desafios apresentados pela maioria branca do corpo docente e dos funcionários. Parallelamente, Jasmine (interpretada por Zoe Renee), uma estudante do primeiro ano, também lida com microagressões constantes enquanto acredita que um espírito está assombrando seu dormitório.
1. **Ambiguidade do Terror**: Diferente de muitos filmes de terror, “Master” provoca medo não por suas manifestações sobrenaturais, mas pelas interações desconfortáveis que os personagens enfrentam. Jasmine, ao se mudar para o dormitório, descobre uma lenda sobre uma mulher que foi enforcada por bruxaria e que agora assombra o local. No entanto, suas principais angústias vêm da dinâmica social tensa com seus colegas predominantemente brancos, que incluem comparações constrangedoras e desconfiança.
2. **Momentos de Inconforto**: A tensão aumenta quando Jasmine se vê em uma festa, onde colegas álcoolizados têm comportamentos inapropriados ao fazer uso de linguagem racial bem como ao ver um símbolo de ódio em frente a seu dormitório. Esses momentos chocantes ressaltam a solidão e a alienação que ela enfrenta em um ambiente que deveria ser acolhedor.
3. **Experiências Conflitantes**: Enquanto Jasmine navega por essas hostilidades, Gail também é confrontada por visões perturbadoras que refletem a opressão que ela vivencia como uma mulher negra em uma posição de poder. Suas alucinações, como a imagem de uma empregada negra chorando, revelam suas lutas internas e externalizam a cultura racista que permeia sua academia.
4. **Reflexão de um Caso Real**: Um dos pontos altos do filme se dá com uma reviravolta impactante que sugere que um dos personagens não é quem diz ser. Remetendo ao caso de Rachel Dolezal, que se apresentou como negra enquanto era biologicamente branca, isso levanta debates sobre identidade, apropriação cultural e o que significa realmente ser um defensor da igualdade racial. Acompanhamos a desilusão de Gail ao perceber que, mesmo ocupando uma posição de destaque, ela é ignorada dentro de um sistema que mantém relações de poder profundamente problemáticas.
“Master” explora, de maneira sutil e ao mesmo tempo contundente, como as feridas do passado ainda assombram a sociedade, manifestando-se nas microagressões do dia a dia. A obra destaca que, mesmo quando os fantasmas não são visíveis, as experiências de opressão e discriminação ressoam de maneiras perturbadoras. Ao longo do filme, fica claro que a verdadeira assombração não provém apenas do sobrenatural, mas dos traumas e das injustiças não resolvidas que continuam a assolar as pessoas no presente.
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