**Enys Men: Uma Experiência Cinemática dos Anos 70**
“Enys Men”, lançado em 18 de abril de 2023 e dirigido por Mark Jenkin, é um filme que divide opiniões entre críticos e o público. Enquanto os críticos destacam a obra com uma nota fresca de 86% no Rotten Tomatoes, os espectadores deixaram uma taxa alarmante de 22% de desgosto. Essa disparidade reflete a natureza experimental e introspectiva do filme, que não é exatamente um thriller típico, mas sim uma obra que convida à reflexão.
O título “Enys Men” significa “Ilha de Pedra” em Cornish, e o filme nos transporta para uma ilha na Cornualha em 1973. À primeira vista, a narrativa pode parecer lenta e sem enredo claro, mas isso é intencional. Jenkin criou uma experiência sensorial onde o espectador acompanha as observações diárias de uma cientista, interpretando como o ambiente se torna cada vez mais estranho ao longo do tempo. A repetição, o tempo e a natureza são elementos que compõem um quebra-cabeça intricado, e o diretor encoraja o público a tirar suas próprias conclusões sobre os temas apresentados.
Uma das marcas registradas de “Enys Men” é sua habilidade de evocar a atmosfera dos anos 70. Mark Jenkin, que dirigiu, escreveu, editou e even fez a cinematografia do filme, utilizou uma câmera Bolex silenciosa de 16mm, que traz um aspecto visual mais granuloso e semelhante ao estilo cinematográfico da época. O uso de objetos cotidianos da época e a escolha do vestuário contribuem para um clima de isolamento, reforçado pela maquete reduzida e pela escassez de personagens. Mary Woodvine é a protagonista, identificada apenas como “A Voluntária”, acompanhada por uma breve lista de outros personagens, todos que complementam a sensação de solidão na narrativa.
O filme se destaca pela técnica cinematográfica que remete aos filmes da década de 70. Na época, o uso de câmera manual era comum, resultando em imagens que transmitiam um aspecto mais pessoal e crú, quase como um documentário. As cores eram menos saturadas e a iluminação natural predominava, o que se reflete na produção de Jenkin.
Um aspecto interessante abordado no filme é o contraste entre as cores. A paleta de cores terrosas da natureza é destacada pela presença marcante do impermeável vermelho da protagonista, criando uma dualidade que retém a atenção do espectador.
O diretor provoca reflexões sobre a cultura dos anos 70, um período marcado pelo surgimento do cinema independente. Este foi um tempo de maior liberdade criativa, onde os cineastas se afastaram de narrativas convencionais e exploraram estilos mais experimentais e complexos. “Enys Men” é um reflexo dessa era, com uma narrativa que foge do convencional e provoca indagações sobre a existência, a natureza e a condição humana.
Mark Jenkin compartilha seu entendimento sobre a obra: “Enys Men é um filme que pode ser difícil de entender. Alguns o veem como uma história de fantasmas, outros como uma alegoria da natureza.” Essa ambivalência reforça o convite à exploração de sentimentos e interpretações individuais, afirmando que a beleza do filme reside em seu mistério.
“Enys Men” não é apenas um filme, mas sim uma viagem introspectiva para aqueles dispostos a mergulhar no contexto e nas emoções que ele compõe. É uma obra que desafia a audiência a sair da sua zona de conforto e a apreciar a arte sob uma nova perspectiva.
O filme está disponível para streaming no Hulu.
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