**Análise da série “Families Like Ours” dirigida por Thomas Vinterberg**
“Families Like Ours”, a nova série de Thomas Vinterberg, apresenta um cenário alarmante onde a Dinamarca enfrenta uma crise climática devastadora. Com a elevação do nível do mar e uma decisão governamental de desmantelar o país para transformá-lo em um parque eólico, os seis milhões de habitantes são forçados a se tornarem refugiados em uma realidade que muitos ainda consideram distante.
A narrativa se concentra em algumas famílias dinamarquesas de classe média que, inicialmente, não se veem como pessoas à margem da sociedade. Essa escolha de personagens contrasta com a magnitude do problema apresentado, encapsulando a complexidade do medo e da insegurança em um mundo em transformação.
A trama explora a vida de uma arquiteta e seu esposo que esperam conseguir uma nova vida em Paris. Ao mesmo tempo, a série narra a experiência do irmão da arquiteta e seu marido, que têm a vantagem de conhecer os planos do governo antes de sua execução. A ex-esposa do arquiteto, que deve se mudar para a Romênia, e a filha do casal, Laura, também desempenham papéis centrais na história. Laura enfrenta um dilema emocional: escolher entre os dois pais, cada um com suas próprias necessidades e expectativas.
O enredo se desenrola por meio das viagens de Laura e seu novo namorado, que tentam se encontrar em meio ao caos. A narrativa é marcada por uma organização quase nórdica do processo de evacuação, mas ao longo da série, cada família mergulha em suas próprias tragédias. Laura, ao hesitar em sua decisão, acaba perdendo o barco que levaria à segurança, resultando em uma sequência de decisões ruins que ecoam a desgraça coletiva.
O aspecto psicológico é notável, já que a série provoca reflexões sobre o que acontece quando indivíduos privilegiados se deparam com circunstâncias extremas. À medida que os episódios avançam, o desespero se intensifica, levando os personagens a agir de maneiras que antes consideravam impensáveis. Esse retrato complicado de pessoas que, ao invés de encontrar um novo propósito, acabam se perdendo em seus próprios problemas, é um dos pontos altos da narrativa.
Embora Vinterberg tenha um estilo característico que muitos fãs reconhecem, como a inclusão de celebrações e reencontros, a série também dá espaço para um certo pessimismo. O amor entre os jovens protagonistas é duvidoso, e a química entre os atores principais não se destaca, o que levanta questionamentos sobre a profundidade de sua relação.
A conclusão da série apresenta uma leve esperança, mostrando que alguns personagens conseguem encontrar forças em meio à devastação. No entanto, as imagens de uma Copenhagen vazia, refletindo a perda de uma nação, dominam os sentimentos de desolação. A série convida o espectador a refletir sobre o impacto imenso da mudança climática, revelando como uma catástrofe coletiva pode desmantelar até mesmo as vidas mais privilegiadas.
**Detalhes da série:**
– **Título:** Families Like Ours
– **Festival:** Mostra em competição no Festival de Veneza
– **Diretor:** Thomas Vinterberg
– **Roteiristas:** Thomas Vinterberg, Bo Hr. Hansen
– **Elenco:** Amaryllis August, Albert Rudbeck Lindhardt, Nikolaj Lie Kaas, Paprika Steen, entre outros
– **Agente de vendas:** Studiocanal
– **Duração:** 5 horas e 45 minutos (7 episódios)
“Families Like Ours” não é apenas uma série sobre crises pessoais; é um olhar sombrio, mas necessário, sobre o futuro incerto que todos enfrentamos diante da mudança climática e das suas consequências apocalípticas.

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