No episódio “The Enemy” de “Star Trek: The Next Generation”, que foi ao ar em 6 de novembro de 1989, a nave U.S.S. Enterprise-D se dirige para socorrer uma embarcação romulana em dificuldades em um planeta chamado Galorndon Core. A Dra. Crusher, interpretada por Gates McFadden, consegue resgatar um oficial romulano ferido e estabilizar sua condição a bordo da nave. No entanto, ela descobre que o romulano sofreu uma lesão neurológica grave e precisaria de uma transfusão de sangue romulano para sobreviver, mas o conflito entre a Federação e os Romulanos torna essa opção inviável.
Para contornar a situação, a Dra. Crusher encontra uma maneira de modificar o sangue de um Klingon, que é Worf, interpretado por Michael Dorn, a fim de criar uma alternativa. Ao pedir uma amostra de sangue a Worf, ela enfrenta a recusa do Klingon, que se recusa a ajudar um inimigo histórico, pois os Romulanos assassinaram sua família. Worf considera que doar seu sangue para um romulano é uma violação de seus princípios, o que leva a um impasse. Mesmo com as tentativas de convencimento do capitão Picard, interpretado por Patrick Stewart, e da Dra. Crusher, Worf permanece firme em sua decisão, resultando na morte do oficial romulano. A falta de arrependimento de Worf por sua escolha deixa a Dra. Crusher horrorizada.
Michael Dorn, em uma conversa sobre “The Enemy” no livro “The Fifty-Year Mission: The Next 25 Years”, expressou sua desaprovação em relação à postura de seu personagem. Ele sentiu que a recusa de Worf era obstinada a ponto de ser considerada um ato de homicídio. Dorn acreditava que, ao se recusar a doar o sangue, Worf não apenas errava ética e moralmente, mas que sua decisão o tornava antipático aos espectadores.
Dorn teve sérias divergências com os produtores sobre o desenvolvimento de Worf nesse episódio. Ele enfatizava que, embora Worf fosse criado por humanos, ele deveria exibir uma perspectiva mais humana em certos momentos. Os produtores, no entanto, defendiam a ideia de que Worf representasse um código ético Klingon que o diferenciava dos humanos, visando criar conflitos dramáticos na narrativa. Dorn argumentou:
“Eu liguei para os produtores e disse que não concordava. Achei que [dar sangue] era a coisa honrosa a se fazer. Eu pensei que as pessoas veriam [Worf] como um assassino. Os produtores sentiam que Worf estava se tornando muito humano… apenas um cara com uma cabeça grande. Quando surgiu a oportunidade de mostrar que Worf não é humano, que ele não está preso às mesmas morais que nós, eles acharam uma oportunidade maravilhosa.”
Ao final, a escolha de Worf não leva a nenhum reconhecimento positivo e provoca a decepção de seus amigos. Essa angústia na narrativa contribui para a natureza trágica da história e ressalta que os personagens não humanos em “Star Trek” possuem princípios éticos distintos dos humanos, o que enriquece a discussão sobre moralidade na série, um dos pilares que a torna tão marcante.
Filmes, séries, músicas, bandas, clipes, trailers, críticas, artigos, uma odisseia. Quer divulgar o seu trabalho? Mande seu release pra gente!