**Dahomey (2024): Uma Documentário Poderoso e Reflexivo sobre Repatriação Cultural**
“Dahomey” é um documentário dirigido por Mati Diop e que teve sua estreia programada para o dia 25 de outubro de 2024, sendo exibido primeiramente no BFI London Film Festival. A obra mescla formatos documentais e narrativos, abordando a repatriação de 26 artefatos para a República do Benin, anteriormente conhecida como Reino de Dahomey.
A narrativa começa com a descrição da história dos artefatos, que foram retirados de Dahomey durante a invasão francesa em 1892 e, por mais de um século, permaneceram expostos no Musée du Quai Branly – Jacques Chirac em Paris. O documentário se destaca por sua abordagem não convencional, evitando uma longa explicação oral sobre os eventos históricos, e optando por um título que resume de forma sucinta o contexto necessário.
Diop utiliza uma câmera que oferece um olhar artístico sobre os artefatos, não apenas focando na beleza deles, mas também na importância humana que esses objetos representam, ressaltando a sua preservação ao longo dos séculos. Um dos aspectos mais intrigantes da obra é a narração das experiências dos próprios artefatos, expressando suas emoções e reflexões sobre o retorno ao lar, utilizando a língua Fon. A experiência é intensificada por uma estética sonora que evoca uma sensação de claustrofobia e alienação, com uma voz distorcida e envolvente.
A celebração do retorno dos artefatos é mostrada através de imagens reais de festejos em Benin, onde o povo se reúne para comemorar essa vitória cultural. Entretanto, a profundidade emocional é equilibrada com uma sensação de desconforto, já que os objetos expressam sua falta de reconhecimento do lugar que um dia chamaram de lar.
Ademais, Diop também se concentra em um debate entre estudantes da Universidade de Abomey-Calavi sobre a repatriação dos artefatos. Embora a devolução seja um marco positivo, os jovens apontam que ainda há muitos itens que permanecem em posse do museu francês, inspirando um senso de urgência sobre a necessidade de restituições adicionais e justas.
A filmagem traz uma crítica incisiva às hipocrisias das potências coloniais, abrangendo os efeitos duradouros da colonização e a necessidade de reparação. A obra termina com uma nota de esperança ao mostrar que o futuro está nas mãos das novas gerações, diversas em pensamento e engajadas na busca por justiça social.
“Dahomey” é um documentário compacto de 68 minutos que provoca reflexão sobre história, injustiça e identidade cultural, sendo uma experiência cinematográfica que pode não ser para todos, mas certamente é rica em conteúdo e emoção. Abaixo, estão alguns pontos destacados sobre o filme:
**Pontos Positivos:**
– A trilha sonora acompanha habilmente a gama emocional do filme.
– A câmera de Diop se move de forma fluida, sem invasividade.
– O filme abrange várias perspectivas, permitindo um espaço para diversas ideias.
**Pontos Negativos:**
– Em certos momentos, o ritmo pode diminuir, e o interesse de espectadores casuais pode se esvair.
– A voz do narrador às vezes pode alienar o público, interrompendo a fluidez do documentário.
Dahomey é uma obra essencial para aqueles que se interessem por história e a busca por justiça em relação aos legados da colonização.
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