A recente série de podcasts “DOI – Denominazione di Origine Inventata”, apresentada por Alberto Grandi e Daniele Soffiati, aborda um tema provocativo: a ideia de que a cozinha italiana é, na verdade, influenciada pela americana. Na nova edição, o foco é o impacto significativo que os Estados Unidos tiveram na alimentação italiana ao longo da história.
A narrativa começa com a emigração em massa de italianos para a América entre o final do século XIX e início do século XX, motivada principalmente pela fome. Entre 1876 e 1915, cerca de 20 milhões de italianos deixaram sua terra natal. Esta migração não apenas transformou suas vidas, mas também seu modo de se alimentar.
O contato com novas culturas nas “Little Italies” nos EUA trouxe uma fusão de tradições, levando os italianos a adaptarem suas práticas culinárias e incorporarem ingredientes locais. Por exemplo, a massa, antes pouco consumida por muitos italianos, se tornou um alimento comum nas comunidades italianas americanas, sendo a salsa de tomate um dos pilares dessa nova cozinha.
Os autores também discutem a figura de Pellegrino Artusi, um renomado cozinheiro italiano do século XIX. A ideia de que os italianos ensinaram a culinária ao resto do mundo é revista, sugerindo que, na verdade, os emigrantes aprenderam e se adaptaram a novos modos de cozinhar em suas experiências nos EUA. A verdadeira evolução de pratos clássicos, como a pizza, também ganhou nova forma em terras americanas. Enquanto a pizza napolitana do século XIX era simples, nas cidades americanas ela se transformou, ganhando em complexidade e popularidade.
Outro ponto crucial é o impacto da Segunda Guerra Mundial, que ajudou a reforçar a imagem da pizza como um prato típico americano, já que muitos soldados americanos que foram à Itália descobriram que as pizzerias eram escassas.
Após a guerra, a reconstrução da Itália foi marcada pela adoção de modelos econômicos americanos. A introdução de supermercados e a revolução tecnológica na alimentação moldaram os hábitos dos italianos. A década de 1950 trouxe um novo modo de consumir, impulsionado pela mídia, especialmente a televisão, que educou o público sobre os novos estilos de vida e hábitos alimentares.
A série de podcasts e o livro “A cozinha italiana não existe”, de Grandi e Soffiati, provocam debates sobre as origens e a autenticidade dos pratos italianos, desafiando narrativas históricas que muitas vezes foram moldadas pelo marketing e pela percepção incorreta da história da culinária nacional.
Confira a nova edição do podcast que discute como a cozinha italiana se entrelaça com a cultura americana e as suas ramificações na sociedade contemporânea.
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