O documentário “Separated”, dirigido pelo premiado cineasta Errol Morris, aborda a política de “tolerância zero” implementada pela administração Trump, que levou à separação de famílias migrantes na fronteira entre os Estados Unidos e o México. A estreia do filme ocorrerá no Festival de Cinema de Veneza, no dia 29 de agosto de 2024.
Morris não hesita em criticar essa política, afirmando que é “appalling” (de fascinar-se para o mal) e não um mero “seguimento da lei”. A separação forçada das famílias, que envolveu o encarceramento de pais e a detenção de crianças – algumas ainda bebês – em instalações inadequadas, é descrita como uma manifestação de crueldade.
O documentário é baseado no livro “Separated: Inside an American Tragedy”, escrito pelo correspondente da NBC Jacob Soboroff, que se dedicou a cobrir questões de imigração durante a presidência de Trump. O filme também traz Soboroff como um dos produtores executivos e como uma das vozes na narrativa, onde ele enfatiza que essa separação foi “um abuso infantil sancionado pelo governo”.
Morris apresenta um exame detalhado de como essa política foi concebida e colocada em prática, revelando que a separação de famílias já vinha ocorrendo, mesmo antes de ser oficialmente anunciada em maio de 2018. A intenção, segundo o documentário, era causar tanto temor entre os migrantes que isso inibisse novas tentativas de cruzar a fronteira.
O filme não se limita a entrevistas e análises; ele também incorpora dramatizações que representam a experiência de uma família típica que migra da América Central em busca de um futuro melhor. A atriz Gabriela Cartol interpreta uma mãe que enfrenta a perilosa jornada para o norte com seu filho.
Soboroff destaca a importância da narrativa, afirmando que ela revela a verdade emocional da jornada dos migrantes de uma forma que não poderia ser compreendida apenas através de entrevistas. Ele conta a experiência angustiante de famílias que, ao buscarem segurança, encontram a separação brutal e a dor do que resulta.
Apesar da política de separação de famílias ter sido revogada em junho de 2018, o impacto se faz sentir até hoje, com mais de mil crianças ainda sem se reunir com seus pais. O documentário não absolve os democratas, também questionando as políticas anteriores de imigração que, mesmo sem separações, criaram condições inaceitáveis para os migrantes.
O legado da separação de famílias é um tema central, ressaltando que a abordagem punitiva em relação à imigração permanece presente no discurso político atual. Errol Morris conclui que a resposta do governo às questões de imigração é uma mancha sobre a sociedade americana, reforçando a necessidade de que situações semelhantes nunca mais se repitam.
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