Em “Star Trek: Voyager”, no episódio “Favorite Son”, exibido em 19 de março de 1997, o personagem Ensign Harry Kim, interpretado por Garrett Wang, começa a vivenciar episódios estranhos de déjà vu. Essas premonições psíquicas levam Harry e a nave U.S.S. Voyager a um planeta enigmático chamado Taresia, uma sociedade matriarcal que alega que Harry, até então considerado humano, na verdade é originário daquele mundo. A líder Taresiana explica que ele nasceu em Taresia, mas foi enviado à Terra como feto há décadas e implantado em uma mulher humana, sendo criado entre os humanos.
Conforme a narrativa se desenrola, Harry se depara com a proposta de se casar com três mulheres Taresianas, uma vez que os machos são uma raridade naquele planeta. Ele descobre que a reprodução nos Taresianos resulta em machos esgotados de seu DNA, levando Harry a uma difícil decisão entre fugir ou enfrentar o perigo do seu destino. A trama nos faz lembrar de um episódio semelhante em “Futurama”, onde o conceito de “morte por snu-snu” é explorado de forma cômica.
No entanto, fica claro que as Taresianas estão mentindo sobre a origem de Harry. Na verdade, ele é humano, e as Taresianas alteraram seu DNA com um retrovírus para garantir que pudessem ter filhos. No final do episódio, o Doutor, interpretado por Robert Picardo, remove o DNA implantado e devolve Harry ao seu estado humano original.
Lisa Klink, a roteirista de “Favorite Son”, revelações em uma edição de 1997 da “Star Trek Monthly” que seu plano original era que a transformação de Harry em Taresiano fosse permanente. Essa mudança teria proporcionado maior profundidade ao personagem, algo que a série raramente fez, pois Harry era frequentemente retratado como um nerd ingênuo ou um aluno exemplar. Teria sido interessante explorar mais sobre a identidade de Kim e seus potenciais poderes alienígenas.
Garrett Wang expressou sua decepção em entrevistas, afirmando que a coragem dos roteiristas foi insuficiente para manter a complexidade da trama, além de criticar a pressão do estúdio para apimentar o enredo. Ele lembrou que a história rapidamente se transformou em uma simplificação que não faria jus ao potencial narrativo.
Wang também comentou sobre o excesso de trama no episódio. Um prólogo estendido, que mostrava a U.S.S. Voyager sendo atacada por inimigos das Taresianas, não contribuiu para o foco emocional necessário para o desenvolvimento do personagem. Em vez disso, muitos fãs de “Star Trek” consideram “Favorite Son” um dos piores episódios da série, em parte devido à sua premissa considerada regressive em relação à representação da mulher, um ponto crucial para a série.
Além disso, a lógica da trama foi questionada. Se os Taresianos possuíam tecnologia avançada para manipular geneticamente homens alienígenas, a necessidade de usar promessas de conquista sexual para obter material genético parecia descabida. A ausência de exploração cultural significativa dos Taresianos fez com que eles fossem retratados mais como objetos de desejo do que como uma sociedade rica e complexa.
Em suma, “Favorite Son” se tornou um emblemático exemplo de oportunidades perdidas dentro da narrativa de “Star Trek: Voyager”, refletindo tanto sobre as limitações impostas pelos estúdios quanto sobre as expectativas dos fãs em relação ao desenvolvimento dos personagens.
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