A fascinante história do filme “Titanic”, de 1943, possui um enredo trágico que vai além da narrativa central da famosa tragédia marítima. Essa obra foi produzida sob a supervisão de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do regime nazista, e nasceu em um contexto de intensa rivalidade ideológica e artística, especialmente em resposta ao sucesso do filme “Casablanca”.
### Contexto Histórico e Motivação
Após o lançamento de “Casablanca” em 1942, Goebbels buscou uma forma de contrabalançar a narrativa anti-fascista presente na obra. O objetivo era criar um filme que apresentasse a Alemanha sob uma luz mais favorável, transformando a tragédia do Titanic em uma vitrine das supostas habilidades cinematográficas e da superioridade moral do regime nazista. Para isso, foi investido um montante significativo — quatro milhões de reichsmarks, que equivale a cerca de 180 milhões de dólares nos dias atuais.
### Desafios Durante a Produção
A produção do filme, no entanto, enfrentou severas dificuldades. O diretor Herbert Selpin desejava criar sets complexos e realistas, extraindo soldados do front para atuarem como figurantes. Isso gerou preocupações sobre o desvio de recursos do esforço de guerra, além de incidentes de má conduta entre os soldados, que levaram a queixas de funcionárias do estúdio.
Selpin também se viu em conflito com oficiais militares, resultando em sua prisão após uma discussão acalorada, onde criticou a eficiência das tropas. Tragicamente, ele foi encontrado morto em sua cela, em circunstâncias que sugerem suicídio. Outro diretor terminou a produção.
### Mensagem e Temática do Filme
O filme retratou a desgraça do Titanic como uma consequência da ganância ocidental. O personagem central, Joseph Bruce Ismay, interpretado por E.F. Fürbringer, foi apresentado como o vilão interessado apenas no aumento do valor de suas ações, negligenciando as vidas a bordo. Em contrapartida, os personagens alemães foram propostos como heróis, com o oficial fictício Petersen sendo a voz da razão e a personificação da coragem, enquanto os aliados eram mostrados de forma incompetente e covarde.
### Recepção e Projeção
Apesar da produção robusta, Goebbels logo percebeu que o filme tinha se tornado uma falha, uma vez que mostrava pessoas em pânico em um navio naufragando, algo que lembrava demais a deterioração do cenário bélico alemão. O filme foi banido na Alemanha e estreou em Praga, não sendo exibido no país natal por quase cinquenta anos.
### Conclusão
A história do “Titanic” de 1943 é um lembrete poderoso dos efeitos da propaganda e da forma como a história pode ser manipulada para atender a interesses políticos. O destino do navio Cap Arcona, que se tornou um navio-prisão e foi bombardeado, culminando na morte de muitos, ecoa a tragédia do filme, simbolizando como as narrativas e os eventos históricos podem estar entrelaçados de maneiras comoventes e horríveis.
Essa obra permanece disponível para streaming nos Estados Unidos, permitindo uma reflexão sobre o contexto em que foi criada e suas implicações.
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