“Disclaimer”, a nova série de suspense da Apple TV+, estreia nesta sexta-feira, e conta com um elenco de peso, incluindo as premiadas Cate Blanchett e Kevin Kline, sob a direção do aclamado Alfonso Cuarón, conhecido por suas vitórias no Oscar por “Gravidade” e “Roma”. Apesar de suas credenciais impressionantes, a série não consegue corresponder às expectativas criadas, resultando em um drama de vingança que, embora visualmente intrigante, apresenta um enredo confuso e uma narrativa melancólica.
Blanchett interpreta Catherine, uma jornalista que ganhou notoriedade por expor a corrupção e falhas éticas da elite. O enredo se complica quando ela recebe um romance de um autor anônimo que revela trechos de sua própria vida, levantando questões sobre suas ações passadas. Kline entra como Stephen, um professor que guarda um profundo ressentimento contra Catherine, determinado a fazê-la pagar por seus erros. Ele afirma: “Ela precisava sofrer, assim como eu sofri”.
A série, baseada no romance de Renée Knight, revela-se excessivamente dependente de narrações de múltiplos personagens, o que acaba por confundir em vez de esclarecer. Com mais de um ponto de vista e uma teia de reviravoltas, “Disclaimer” tenta, de maneira incerta, questionar a credibilidade das histórias que nos são contadas. No entanto, a estrutura narrativa se torna um fardo, estendendo uma história que poderia ser eficientemente resumida em um filme de duas horas para sete episódios, sem trazer desenvolvimento adicional aos personagens.
Cuarón, embora crie uma ótima estética, com a cinematografia vibrante de Emmanuel Lubezki e Bruno Delbonnel, não consegue esconder a lentidão da obra. Os longos planos de sequência são impressionantes, mas a falta de um enredo contundente prejudica a experiência. Mesmo em cenas que deveriam ser emocionantes, como um resgate no mar, a série falha em criar um impacto duradouro.
Em relação ao elenco, Blanchett tem ótimos momentos no episódio final, mas sua performance como Catherine não atinge a profundidade vista em seus papéis anteriores, como em “Tár”. Kline, conhecido por sua versatilidade, parece fora de lugar com o sotaque britânico e a intensidade exigida para seu personagem. Sacha Baron Cohen, por sua vez, é uma escolha peculiar para o marido de Catherine, trazendo uma expectativa errônea de comédia para um papel sério.
Apesar de algumas cenas tocantes, “Disclaimer” apresenta um tom sombrio e uma narrativa muitas vezes difícil de digerir, recheada de melodrama e exibições emocionais intensas. O ritmo melhora perto do final, mas a conclusão traz uma cena de violência que pode ser difícil para muitos espectadores. No total, mesmo com um desfecho que oferece respostas, o cansaço prevalece sobre a satisfação, resultando em uma experiência desgastante.
“Disclaimer” decepciona ao não entregar o que poderia ser um suspense emocionalmente envolvente, mostrando-se mais um caso de boas intenções perdidas em uma execução falha.
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