Há 46 anos, George Lucas acionou legalmente “Battlestar Galactica” devido às semelhanças com “Star Wars”. Desde o lançamento de “Star Wars” em 1977, Hollywood buscava repetir o sucesso dos blockbusters, e “Battlestar Galactica”, criado por Glen A. Larson e exibido pela ABC em 1978, se destacou como uma das primeiras tentativas de replicar essa fórmula, começando com o filme para televisão “Saga of a Star World”.
A trama se passa em um espaço distante, onde humanos, vivendo em doze planetas, enfrentam uma raça de robôs chamada Cylon. Após um ataque surpresa, os humanos sobreviventes fogem em uma “frota de fugitivos desordenados”, liderados pela nave homônima. As semelhanças com “Star Wars” são evidentes, tanto na narrativa quanto na estética. O personagem Starbuck, interpretado por Dirk Benedict, é um piloto arrogante claramente inspirado no icônico Han Solo, enquanto as naves dos heróis se assemelham aos X-Wings.
As características visuais dos Cylon e suas naves também trazem ecos da estética de “Star Wars”, lembrando a armadura escura de Darth Vader e os Star Destroyers. Apesar das diferenças superficiais, a ênfase da série na busca por um novo lar, enquanto os sobreviventes da frota perseguem um mito sobre uma 13ª tribo que teria se estabelecido em um planeta chamado “Terra”, não foi suficiente para satisfazer os detentores dos direitos de “Star Wars”.
O processo judicial, que ficou conhecido como “Twentieth Century-Fox Film Corp v. MCA, Inc.”, foi inicialmente julgado no Tribunal Distrital da Califórnia. Lucasfilm e Fox argumentaram que “Battlestar Galactica” era um plágio. O juiz Irving Hill inicialmente decidiu a favor da Fox em outubro de 1980, mas a MCA e a Universal apelaram, resultando em uma decisão da Corte do Nono Circuito em janeiro de 1983, que reverteria essa decisão e afirmava que existiam questões materiais em jogo que deveriam ser discutidas em um tribunal.
Apesar disso, não houve julgamento, pois as partes optaram por um acordo em novembro de 1983, onde a MCA pagou 225 mil dólares à Fox.
Os designers de ambos os projetos tinham experiências semelhantes, o que ajudou a criar as semelhanças. Ralph McQuarrie, artista conceitual de “Star Wars”, também trabalhou em “Battlestar Galactica”, e John Dykstra, que colaborou com a ILM, responsável pelos efeitos de “Star Wars”, trabalhou nas produções de “Battlestar”. Lucas ficou irritado com a série, acreditando que ela prejudicaria o interesse por um possível programa de televisão de “Star Wars”.
Apesar das controvérsias, “Battlestar Galactica” foi cancelada após uma temporada de 24 episódios, e sua tentativa de revival, “Galactica 1980”, durou apenas 10 episódios. Somente em 2003, a série passou a ser considerada um sucesso, com uma nova abordagem que se distanciava da estética pulp original e explorava temas mais complexos, sendo uma reinterpretação mais sombria que se estendeu por quatro temporadas no canal Sci-Fi.
A nova série se afastou bastante do estilo de aventura espacial para se inspirar em “Star Trek” e “Blade Runner”, retratando temas relevantes para o público da época e garantindo excelentes atuações e caracterizações entre o elenco principal. “Battlestar Galactica” finalmente conquistou o reconhecimento que merecia, 25 anos após sua estreia inicial, superando sua origem como uma rápida tentativa de imitar “Star Wars”.
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