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“Suck it and See”: o álbum mais injustiçado do Arctic Monkeys

Existem obras que só recebem a devida justiça com o tempo, e Suck it and See é um desses casos. Por mais que Humbug tenha polarizado os fãs, ainda tem sua considerável parcela de defensores; curiosamente, seu sucessor não goza do mesmo prestígio. O que é estranho, porque é um álbum que na medida do possível se propõe a manter a sonoridade do disco anterior ao mesmo tempo em que injeta mudanças notáveis na sua sonoridade.
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Existem obras que só recebem a devida justiça com o tempo, e Suck it and See é um desses casos. Por mais que Humbug tenha polarizado os fãs, ainda tem sua considerável parcela de defensores; curiosamente, seu sucessor não goza do mesmo prestígio. O que é estranho, porque é um álbum que na medida do possível se propõe a manter a sonoridade do disco anterior ao mesmo tempo em que injeta mudanças notáveis na sua sonoridade.

O tom soturno, o experimentalismo e as influências diretas do Queens of Stone Age são diluídos em prol de uma som mais enérgico, acessível e retrô. Ouvir Suck it and See é ser diretamente lançado a um tempo entre o pop do Verão do Amor (final dos anos 60) e o advento do punk em meados dos anos 70. Até a própria capa simplista parece remontar ao icônico White Album dos Beatles, uma influência direta neste álbum. Ao mesmo tempo, a banda busca resgatar um pouco daquela energia vista nos primeiros dois álbuns, mas aliada a essa fase mais vintage, como atestam faixas como Brick by Brick, Don’t Sit Down ‘Cause I Moved Your Chair Library Pictures. Inclusive, não apenas temos Matt Helders oferecendo mais uma performance estonteante na bateria nessas faixas, como ele ainda lidera os vocais em Brick by Brick.

Paralelamente, o álbum nunca esconde seu desejo de evoluir o que foi apresentado em Humbug. Talvez alguns o considerem como um disco “feliz” ou pop demais, embora as letras de Turner continuem a ser tão mordazes e cínicas como sempre foram. Isso, porém, não é um demérito. O tom sombrio e a melancolia do álbum anterior continuam presentes em faixas como All my Own Stunts ou Love is a Laserquest. 

Se há um defeito notável em Suck it and See, é que sua segunda metade acaba perdendo um bocado da força encontrada na primeira. O fluxo das canções entre a abertura She’s Thunderstorms All My Own Stunts é absolutamente irrepreensível, mas em seguida o ritmo do álbum decai bruscamente nas três músicas seguintes antes de se restabelecer nas excelentes faixa-título e That’s Where You’re Wrong, que fecham o álbum com um saldo positivo. Além disso, tal qual Secret Door no álbum anterior, aqui tem-se Black Treacle como uma das músicas mais desinteressantes já criadas pela banda.

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Contudo, esses contras não diminuem o fato inegável de que esta é uma obra que merecia muito mais reconhecimento e apreço entre os fãs. Representando mais um passo na maturidade da banda, pode não ser o melhor disco da banda, mas forma um excelente conjunto com o Humbug para aqueles que, como eu, gostam da exploração retrô feita pelo Arctic Monkeys ao mudarem seu som.

 

Faixas favoritas: She’s Thunderstorms; The Hellcat Spangled Shalalala; Suck it and See