O documentário “The Shepherd and the Bear” explora a complexa questão do rewilding (ou reintrodução da vida selvagem) de ursos na região dos Pirenéus franceses, o que gera intensos conflitos entre os habitantes locais e os conservacionistas. A história gira em torno de Yves Raspaud, um pastor que, em meio a seu isolamento nas montanhas, enfrenta o desafio de lidar com a presença de ursos que foram relocados da Europa Oriental e que, por sua vez, têm um apetite voraz por suas ovelhas.
Dirigido por Max Keegan, o filme teve sua estreia internacional no International Documentary Festival Amsterdam (IDFA) e já foi exibido no Camden International Film Festival em setembro de 2024. A equipe de produção inclui Elizabeth Woodward, Jesse Moss e Amanda McBaine, e o projeto é co-produzido por Eleonore Voisard.
Durante a criação do documentário, Keegan se deparou com uma realidade difícil. Conversando com um agricultor local, ele ouviu sobre a tensão crescente entre os pastores e as autoridades responsáveis pela reintrodução dos ursos. “Ele me contou sobre os ursos e eu não consegui tirar isso da minha cabeça”, relembra Keegan. A narrativa do filme apresenta diferentes perspectivas sobre a situação, sem buscar resolver o conflito, mas mostrando que ambos os lados têm argumentos válidos.
Em sua abordagem, Max Keegan também compartilha suas dificuldades iniciais com a língua francesa, que acabou se tornando uma vantagem ao interagir com os moradores, que se sentiram mais à vontade com ele. O diretor passou a focar também em Cyril Piquet, um adolescente que desejava se juntar à polícia de vida selvagem para proteger os ursos, e cuja conexão com a natureza impressionou a equipe.
A documentário aborda de forma respeitosa as vidas dos pastores, destacando que, apesar das diferentes opiniões sobre o rewilding, os pastores têm um profundo respeito pelo ambiente em que vivem. Yves Raspaud, mesmo não apoiando a iniciativa, leva uma vida que muitos conservacionistas admirariam. Ele afirma: “Não como ninguém que não conheço”, refletindo seu estilo de vida sustentável e conectado à natureza.
“The Shepherd and the Bear” ainda será exibido mais quatro vezes no IDFA e a produtora Elizabeth Woodward espera que o filme chegue a uma grande audiência. “Acreditamos que este é um filme que deve ser visto na tela grande. Ele nos leva a um lugar que poucas pessoas conheceram”, diz Woodward, ressaltando o valor da obra em trazer essa discussão à luz.
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