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Crítica inesperada transforma “Reservoir Dogs” de Tarantino

Crítica inesperada transforma "Reservoir Dogs" de Tarantino
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Um dos desafios mais difíceis de trabalhar na indústria cinematográfica é a necessidade de expor seu trabalho ao julgamento de outros. Após meses dedicados ao roteiro, chega o momento de compartilhar a obra com amigos, agentes e potenciais colaboradores, e isso pode ser aterrorizante. A tensão aumenta quando se exibe a primeira versão do filme, sabendo que todo o esforço pode ser colocado em xeque durante uma exibição.

Quando alguém está acostumado a receber críticas construtivas, desenvolve um cuidado especial ao oferecer feedback, especialmente quando se trata de colegas ou amigos. A tendência é ser encorajador, mas o ideal é oferecer uma visão que ajude a melhorar a obra. Essa abordagem geralmente envolve recomendar cortes, o que pode parecer simples após uma única exibição. Contudo, quando se passou meses editando o filme, cortar uma cena pode ser como amputar uma parte do corpo.

Don Coscarelli, o diretor de “Phantasm”, se viu em uma situação complicada quando Quentin Tarantino pediu sua opinião sobre uma versão preliminar de “Reservoir Dogs”. Ele ficou impressionado com a habilidade que Tarantino demonstrou, considerando-o um talento excepcional para um cineasta estreante. Coscarelli compartilhou sua experiência em seu livro, onde descreveu ter se perguntado como alguém tão jovem poderia realizar um filme tão impressionante e bem executado.

No entanto, a interação se torna peculiar ao chegar o momento de dar o feedback. Coscarelli decidiu dar uma crítica construtiva, orientando Tarantino a considerar a possibilidade de enxugar o diálogo da cena no restaurante, que incluía uma conversa sobre Madonna e gorjetas. Ele sugeriu que, talvez, essa parte pudesse ser completamente cortada para que a narrativa avançasse mais rapidamente. Tarantino, por sua vez, respondeu educadamente, rejeitando o conselho.

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Compreendendo posteriormente que sua crítica não era pertinente, Coscarelli aprendeu a importância de se posicionar com cautela em relação a cineastas talentosos. Em uma ocasião posterior, quando Tarantino apresentou “Pulp Fiction”, ele optou por elogiar o trabalho sem emitir críticas. Após a exibição, Tarantino ligou para perguntar se deveria cortar uma cena longa com Julia Sweeney. Naquele momento, Coscarelli hesitou, mas sabia que era necessário ser sincero. Essa experiência o fez perceber o quão desafiador pode ser dar conselhos a alguém com tamanha genialidade. A chave, segundo ele, é manter as observações restritas, pois os próprios cineastas acabam percebendo o que precisam ajustar.

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