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A urgência do tempo: Gabriele Corsi e a história do pai

A urgência do tempo: Gabriele Corsi e a história do pai
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Gabriele Corsi, conhecido apresentador e comediante, lançou recentemente o livro “Che bella giornata. Speriamo che non piova”, onde compartilha suas experiências pessoais em relação à doença de seu pai, que está enfrentando o Alzheimer. Durante uma entrevista no programa “Deejay Chiama Italia”, Corsi ressaltou que este livro é uma “urgência” que surgiu da necessidade de transmitir sentimentos e reflexões sobre essa fase difícil da vida.

O livro se apresenta como um romance, mas também é uma forma de diálogo entre pai e filho, onde o pai, cada vez mais distante devido à perda de memória, escuta o filho falar, mesmo que não consiga responder ou reconhecer a presença dele. Corsi menciona que a inspiração para o título veio de uma canção de Caterina Caselli, que remete a memórias de sua infância. O autor destaca que o verdadeiro protagonista da obra é o tempo, que se torna escasso em momentos como este, e enfatiza a importância de se expressar o que realmente importa às pessoas amadas enquanto ainda há tempo.

Além de narrar sua experiência pessoal, Gabriele Corsi traz à tona o importante tema da saúde mental, que permeia a obra. Ele menciona: “Este livro serviu mais a quem o lê do que a mim. Muitas pessoas se sentem solitárias em suas experiências e o livro proporciona um espaço de identificação”. Através de suas palavras, Corsi espera que outros possam se sentir menos isolados em suas lutas contra doenças mentais.

A condição de seu pai, que tem 83 anos e foi um engenheiro ativo, afeta profundamente não apenas seu estado físico, mas também o emocional da família. Gabriele observa que seu pai “não lembra de nada, não sabe onde está” e que a relação deles mudou drasticamente, pois a comunicação se torna quase inexistente. Essa nova realidade traz um peso emocional para Corsi, que reflete sobre momentos que passaram juntos e a importância de se comunicarem de maneira mais profunda.

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Em sua trajetória, Gabriele também se recorda de uma experiência impactante quando trabalhou em um manicômio nos anos 90, que inspirou o subtítulo do livro: “Memória perdida, memória encontrada”. Ele relata que, em um sonho, foi incentivado a contar essa história que ele sempre guardou com carinho e apreensão. Gabriele decide doar os lucros do livro para instituições de caridade, como Unicef e Antea, reafirmando seu desejo de ajudar outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes.

Por fim, em um panorama mais amplo, Corsi traz à tona dados preocupantes sobre as doenças neurodegenerativas, ressaltando que, na Itália, há cerca de um milhão de pessoas afetadas por Alzheimer e condições similares. Ele critica a falta de discussão sobre o tema e se compromete a utilizar seu livro como um meio para conscientizar e desmistificar o estigma que envolve as doenças mentais, que não afetam apenas os indivíduos, mas suas famílias e comunidades como um todo.

Através da sua narrativa, Gabriele Corsi espera não apenas compartilhar sua dor e suas reflexões, mas também oferecer conforto e solidariedade àqueles que vivem a realidade das doenças mentais e suas consequências. O livro está disponível nas livrarias e é uma leitura recomendada para quem busca entender mais sobre a luta contra a solidão e a perda causada por essas condições.