“The Zone of Interest”, dirigido por Jonathan Glazer, é um filme histórico profundamente impactante que aborda a vida do comandante do campo de concentração de Auschwitz, Rudolf Höss, e sua família, que vive exatamente ao lado do campo. A obra, que estreia em 15 de dezembro de 2023, provoca reflexões perturbadoras sobre a normalidade em meio a uma das maiores atrocidades da história da humanidade.
O filme se inicia e termina com uma tela preta, acompanhada de uma música orquestral atmosférica que evoca os sons inquietantes de maquinário e sofrimento. Essa abordagem artística é característica de Glazer, que anteriormente apresentou conceitos originais em obras como “Under the Skin” (2013). “The Zone of Interest” explora a contradição entre a vida idílica da família Höss e a realidade aterradora de Auschwitz, convidando o público a contemplar a banalidade do mal.
No desenrolar da história, Rudolf Höss recebe uma nova missão que o leva de volta a Auschwitz. Sua esposa, Hedwig, está ansiosa com a possibilidade de continuar vivendo em sua casa próxima ao campo de concentração. No entanto, a felicidade aparente contrasta com as atrocidades que estão sendo cometidas a poucos passos de sua porta. Em uma cena impactante, Höss, após um evento na Berlim nazista, é consumido por sentimentos de náusea, representando tanto problemas de saúde quanto uma possível refleção de sua natureza vil.
A relação de Hedwig com sua mãe também ganha destaque, com a partida abrupta da matriarca que não suporta mais os sons e a fumaça provenientes do campo, o que acontece sem qualquer remorso. As interações familiares são transpostas para a tela de forma a exemplificar a desconexão entre a vida cotidiana e a realidade horrenda que permeia o ambiente ao redor deles.
Um dos momentos mais tocantes do filme envolve uma jovem garota que, inspirada por uma personagem real, deixa frutas na proximidade de Auschwitz como um ato de resistência. Esta cena é ilustrada de forma poderosa, adicionando um pequeno raio de esperança em meio à escuridão da narrativa.
No que diz respeito ao futuro, o filme culmina em uma cena no Museu de Auschwitz-Birkenau, refletindo sobre a falência do regime nazista em destruir seu alvo. A transição para o presente serve como um lembrete das consequências do passado e uma reafirmação da memória dos que sofreram. A recepção do filme foi amplamente positiva, com críticas elogiando o modo como Glazer elaborou uma história que questiona a moral e a natureza humana.
Por fim, “The Zone of Interest” não apenas serve como um retrato sombriamente realista da vida dos perpetradores, mas também coloca em destaque a psicologia por trás da desumanização e da autoenganação, crucial para a compreensão da apatia que permitiu que tais horrores acontecessem.
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