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Riefenstahl: O Legado Controverso de uma Cineasta Alemã

Riefenstahl: O Legado Controverso de uma Cineasta Alemã
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O documentário “Riefenstahl”, dirigido por Andres Veiel, faz sua estreia no Festival de Cinema de Veneza e explora a complexa e controversa figura de Leni Riefenstahl, conhecida como a cineasta favorita de Adolf Hitler. Riefenstahl, por meio de suas obras, como “Triumph des Willens” e “Olympia”, ajudou a moldar a imagem do regime nazista e, após a Segunda Guerra Mundial, passou a se apresentar como uma artista apolítica que apenas cumpria “tarefas” para o líder nazista.

A diretora do filme, Veiel, se aprofunda nos arquivos de Riefenstahl, mantidos pela Fundação de Patrimônio Cultural Prussiano, e revela como ela manipulou a narrativa sobre sua vida e seu trabalho. Riefenstahl descreveu sua primeira interação com Hitler de forma quase hipnótica, afirmando que foi “capturada por uma força magnética”. Veiel destaca que esse relato não é apenas uma autorreflexão, mas também um esforço para se isentar de culpa pela associação com o fascismo.

Ele aponta que, após a guerra, Riefenstahl tentou limpar sua imagem, alegando que era um “artista apolítico”. No documentário, ela é mostrada negando que “Triumph des Willens” contivesse qualquer forma de discriminação contra raças, mesmo com evidências do contrário.

O diretor comenta que, ao investigar a vida de Riefenstahl, percebeu paralelos com a contemporaneidade, onde líderes populistas criam verdades a partir de mentiras. “Isso se torna a verdade, e é uma maneira muito perigosa e atraente de transformar mentiras em verdade”, afirma Veiel. Ele relaciona a manipulação de Riefenstahl na arte do cinema à propaganda moderna, mostrando como imagens potentes podem ser utilizadas para projetar poder.

Veiel também critica a glorificação do corpo e a ideologia de superioridade racial que Riefenstahl promoveu em suas obras, como em “Olympia”. O filme se propõe a reexaminar como a arte e a política se entrelaçam, destacando que a celebração dos fortes muitas vezes vem acompanhada do desprezo pelos fracos.

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Ao final, o diretor manifesta suas expectativas em relação ao impacto do documentário. Ele não apenas busca expor as mentiras de Riefenstahl, mas também como essas narrativas fictícias são mantidas por um público que deseja acreditar nelas, enfatizando a relevância desse tema em um mundo onde as distorções da verdade ainda são prevalentes.