“Hannah” é daqueles filmes que muita gente vai amar e outros vão odiar. Chegando nesta Quinta (12) a alguns cinemas pelo Brasil pela distribuição da Zeta Filmes, o filme trabalha a progressão através de pequenos detalhes, com tarefas rotineiras e a repetição delas. Então, se você prefere filmes mais didáticos, talvez este não seja para você.
O filme é um retrato íntimo de uma mulher que está assolada pela solidão e perda progressiva de identidade, e que busca em algumas atividades alternativas para conseguir se conectar não só com a sociedade, mas também consigo mesma.
A direção e o roteiro ficam por conta de Andrea Pallaoro, diretor que gosta de filmes mais íntimos, como foi o seu último “Medeas”. Aqui ele abusa da paciência do espectador, não tem pressa de estender seus planos e deixar com que a gente se sinta um pouco do que a protagonista sente. Uma coisa que eu gosto aqui na fotografia é de em alguns momentos eles mostrarem as ações dela apenas do pescoço para baixo, tratando suas atitudes como um reflexo de uma rotina desgastante e de que tudo aquilo é feito de forma mecânica. O cinza predomina durante todo o filme como uma alusão a uma vida sem corda protagonista, e a ausência de trilha sonora traz uma maior imersão dentro da melancolia apresentada. O objetivo de Pallaoro aqui não é nos fazer sentir pena, mas sim sentir essa mesma tristeza junto.
Mas apesar de todas essas decisões de roteiro fazerem sentido e nos causarem as sensações necessárias e cumprirem suas funções narrativas, como obra cinematográfica ela acaba ficando um pouco enfadonha devido aos excessos de repetições. Há cenas que querem dizer muito com pouco, mas outras que não acrescentam em nada. É uma história que poderia facilmente ser contada em um curta-metragem e causaria o mesmo efeito, até porque só temos um personagem a se desenvolver aqui.
A atuação da Charlotte Rampling é sublime, consegue traduzir sem palavras seus sentimentos e carrega o filme inteiro nas costas. E olha que os planos aqui são bem longos, onde há inclusive alguns planos-sequência bem extensos e só atores da qualidade dela conseguiriam representar uma personagem assim tão bem. Que atriz!
No geral, “Hannah” é um belo retrato íntimo de uma personagem solitária e deslocada, com um show de atuação de Charlotte Rampling, mas que acabou se estendendo bem mais que o necessário. Pode ser uma experiência incrível para alguns, mas completamente entediante para outros.
NOTA: 7.2
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23 anos, estudante de Jornalismo, apaixonado por cinema, séries e esportes